Exercer a Presidência Britânica da Cimeira do Clima de 2021 (a COP26), significa não apenas lidar com negociações técnicas e com o Acordo de Paris, mas também fazer com que as mudanças aconteçam no mundo real. Constatamos que as empresas que impulsionam a economia global, através do seu próprio comportamento e compromissos, estão a gerar um ímpeto cada vez maior no sentido da descarbonização.

Os compromissos líquidos para a neutralidade de carbono duplicaram em 2020 – mesmo num contexto de pandemia global. As empresas comprometidas com a emissão líquida zero de carbono representam agora uma receita total superior a 11,4 biliões de dólares – mais de metade do PIB dos EUA.

A maioria das empresas está naturalmente focada na gestão do impacto da pandemia. Mas há muitas que também veem na pandemia uma oportunidade para reconstruir melhor. Prosseguir uma agenda verde faz todo o sentido do ponto de vista empresarial e pode ser um caminho para maximizar o crescimento futuro. As empresas mais inteligentes estão também a reforçar a sua resiliência face aos riscos relacionados com as alterações climáticas.

A “Race to Zero” é uma campanha global para congregar liderança e o apoio de empresas, cidades, regiões e investidores, com vista a uma recuperação saudável, resiliente e baseada em emissões zero. Visa prevenir ameaças futuras, criar bons empregos e desbloquear um crescimento inclusivo e sustentável. Todos os que participam na campanha estão empenhados em alcançar emissões líquidas zero o mais rapidamente possível, e o mais tardar até 2050.

Existe já uma grande coligação de “agentes” comprometidos com emissões líquidas zero, constituída por 23 regiões, 471 cidades, 1.675 empresas, 569 universidades e 85 investidores, que no seu conjunto perfazem mais de 12% da economia global. Algumas empresas portuguesas como a EDP, a BIAL e a Efacec, já se inscreveram. Estes agentes da “economia real” aliaram-se a um grupo de 120 países, incluindo o Reino Unido e Portugal, que participam nesta aliança global em rápida expansão.

O sector dos serviços financeiros juntou-se recentemente a este esforço, através de uma Aliança Financeira para a Neutralidade – a Glasgow Financial Alliance for Net Zero (GFANZ) – lançada a 21 de abril. A GFANZ trabalhará para mobilizar os fundos necessários para construir uma economia global de baixo carbono e cumprir os objetivos do Acordo de Paris, promovendo uma coordenação estratégica para que os dirigentes do sector financeiro acelerem a transição para uma economia de emissões líquidas zero.

Há um longo caminho a percorrer. Mas constatamos que é possível atingir o mais alto nível de ambição em todos os sectores e geografias. Constatamos que as empresas pretendem que a sua área de negócio seja reconhecida como assumindo um compromisso credível, com metas baseadas na ciência. E tudo isto está a enviar aos governos uma mensagem enfática de que as empresas, as cidades, as regiões e os investidores estão cada vez mais unidos no combate contra as alterações climáticas, a fim de criar uma economia mais inclusiva e resiliente.