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Racismo em Espanha. Insultos a craque do Real Madrid chegaram ao nível diplomático

Vinicius Júnior, avançado do Real Madrid, tem sido alvo de insultos racistas nos últimos meses na Liga espanhola. Governos de Brasil e Espanha condenam situação. Javier Tebas, presidente da La Liga culpa o jogador, enquanto o líder da federação pede que o dirigente “seja ignorado”.
  • Vinicius Jr
23 Maio 2023, 12h06

Vinícius Júnior, jogador do Real Madrid, foi novamente alvo de insultos racistas no jogo da Liga espanhola frente ao Valência. A situação, infelizmente não é nova e tem sido verificado ao longo desta temporada, mas no último fim de semana a gota acabou por fazer transbordar o copo.

O avançado brasileiro mostrou-se indignado ao ouvir os cânticos “mono, mono, mono (macaco)”, a partida esteve interrompida, com o jogador dirigir-se aos adeptos do Valência que proferiam gestos racistas. Perto do final do jogo acabou por gerar-se a confusão dentro de campo, com o jogador do Real Madrid a ser expulso depois de agredir um adversário.

Todo este cenário levou Vinícius Júnior a recorrer à sua conta da rede social Twitter, onde alertou novamente para os atos racistas que tem sofrido ao longo desta temporada em Espanha. “Lamento pelos espanhóis que não concordam, mas hoje, no Brasil, a Espanha é conhecida como um país de racistas”, pode ler-se na publicação

As manifestações de apoio ao jogador não se fizeram esperar, mas curiosamente nenhuma delas veio da La Liga. Pelo contrário, Javier Tebas, líder do organismo utilizou também a rede social Twitter para deixar críticas ao avançado ‘merengue’. “Antes de criticar e injuriar a La Liga, é necessário que te informes adequadamente”.

 

O jogador do Real Madrid não demorou a responder ao presidente da La Liga. “Omitir-se só faz com que você se iguale a racistas. Não sou seu amigo para conversar sobre racismo. Quero ações e punições”, escreveu no Twitter.

 

Quem também se mostrou em total desacordo com o líder da La Liga, foi o presidente da Federação Espanhola de Futebol, Luis Rubiales, que em conferência de imprensa pediu para que se “ignore, por favor, o comportamento irresponsável do presidente da LFP [Liga de Futebol Profissional], que entrou nas redes sociais com uma quezília com um jogador, que recebeu insultos racistas graves apenas umas horas antes. Os dirigentes não existem para discutir nas redes sociais, mas sim para solucionar os problemas”.

Contudo, estas declarações de Javier Tebas fizeram escalar o tema para lá das quatro linhas e chegar aos mais altos cargos políticos de ambos os países.

O governo espanhol diz sentir-se “envergonhado” com toda esta situação. “Estes incidentes são intoleráveis e absolutamente condenáveis, não apenas no espaço desportivo como num país como Espanha, terra de acolhimento e que faz da diversidade a sua bandeira. A xenofobia demonstrada por alguns energúmenos envergonha-nos como sociedade”, referiu em conferência de imprensa em Bruxelas, José Manuel Albares, ministro dos Negócios Estrangeiros de Espanha.

Já antes, o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, tinha condenado os atos racistas sobre o jogador. “Não é justo que um jovem pobre que venceu na vida e está se tornando um dos melhores jogadores de futebol sofra esse tipo de ataque”, referiu em declarações à imprensa durante a cimeira do G7, na cidade japonesa de Hiroxima, no último domingo.

Ainda no Brasil, a imprensa local dá conta de que o Ministério das Relações Exteriores deverá chamar a embaixadora de Espanha no Brasil, María del Mar Fernández Palacios, para falar sobre o caso. De resto, a própria embaixada espanhola no Brasil já condenou de forma veemente “as manifestações e atitudes racistas e expressa total solidariedade ao jogador pelos ataques intoleráveis e covardes sofridos”.

Por seu turno, o Valência já informou que pretende banir os adeptos que estiveram envolvidos nos insultos racistas a Vinícius Júnior. “O Valencia, em conformidade com o compromisso permanente do clube contra o racismo e a violência em todas as suas formas, comunica que a polícia identificou um adepto que fez gestos racistas contra Vinícius Júnior, do Real Madrid. O clube encontra-se também a trabalhar junto da polícia para confirmar a identidade de outros potenciais criminosos”, pode ler-se no comunicado divulgado pelo emblema espanhola.

A justiça espanhola já abriu uma investigação sobre este caso, mas já esta terça-feira a polícia local deu conta da detenção de quatro pessoas que terão alegadamente, pendurado um boneco com a camisola de Vinícius Júnior, numa ponte perto do centro de treinos do clube.

Uma situação que aconteceu em janeiro na véspera do encontro entre o Real Madrid e o Atlético Madrid para a Taça do Rei. Além do boneco pendurado pelo pescoço, estava também uma tarja, onde podia ler-se “Madrid odeia o Real”.

O jornal espanhol “Marca” adianta que os quatro detidos fazem parte da claque do Atlético Madrid, conhecida como ‘Frente Atlético’.

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