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Refeições escolares custam pouco mais de 1 euro ao Estado

A Direção-Geral de Saúde quer que haja um valor mínimo acordado para as matérias utilizadas nas refeições escolares, reforçando também a fiscalização.
10 Outubro 2017, 10h14

O valor pago pelo Estado para refeições escolares varia consoante as autarquias mas segundo uma investigação da TSF, o valor mais baixo registado encontra-sem em Albufeira (1,07 euros). Em Gondomar o valor encontra-se nos 1,24 euros, em Matosinhos em 1,34 euros e em Cantanhede o valor sobre para 1,66 euros.

Os contratos consultados pela TSF mostram que o Estado central contratualizou em junho mais de 110 milhões de refeições escolares entre 1,18 e 1,47 euros. 47,5 milhões de refeições foram compradas por 1,18 euros; 4,2 milhões de almoços por 1,25 euros e 37,4 milhões por 1,26. O valor mais alto (1,47 euros) foi utilizado em 26,9 milhões de refeições escolares, revela a rádio.

Pedro Graça, diretor do programa de promoção da Alimentação Saudável da Direção Geral da Saúde (DGS) admite que os valores são baixos “sendo muito difícil fazer uma refeição cumprindo os parâmetros exigidos pelo Ministério da Educação nestes concursos”, acrescentando que, apesar de as regras estarem a ser cumpridas pelas empresas, os “preços tão baixos a oferta e variedade não é tão boa como desejaríamos e está muitas vezes no limite do desejável do ponto de vista nutricional”.

A Direção-Geral de Saúde quer que haja um valor mínimo para as matéria utilizadas nas refeições escolares. O especialista alerta ainda para o facto de as empresas, para além de confecionarem as refeições, ainda as distribuem e obtém lucro.

Pais queixam-se das refeições (e as imagens são preocupantes)

A Federação Regional de Lisboa das Associações de Pais (FERLAP) denunciou ontem em comunicado um problema “que se arrasta há anos”: as refeições nas escolas públicas. Recorrendo a imagens enviadas por alunos e encarregados de educação, a federação denuncia a falta de qualidade e quantidade nas refeições servidas em três escolas da região, que, numa primeira fase, a FERLAP prefere não identificar, por entender que este é um “problema transversal a toda a região”. Nas imagens, entre vários exemplos de doses claramente subdimensionadas, pode ver-se um prato com rissóis que não foram fritos.

Isidoro Roque, presidente do CE da FERLAP, que assina o comunicado, faz um alerta geral “para que estas imagens não se voltem a repetir”, mas ressalva que isto não quererá dizer “que sejam proibidos os telefones nas cantinas, bem antes pelo contrário, deve ser encorajada esta prática”, que o responsável considera ser “a única forma que os alunos têm de provar o que toda a gente sabe que se passa”. Roque aponta ainda o dedo aos municípios e ao Ministério da Educação, que têm de zelar pelo cumprimento dos contratos”.

À Lusa, o presidente da Associação Nacional de Dirigentes Escolares (ANDE), Manuel Pereira, admitiu que possam existir falhas em algumas escolas, principalmente onde o serviço é feito por empresas privadas. “As refeições deveriam ser confecionadas nas escolas, que têm cantinas e cozinhas para o fazer. Quando isso acontece não há queixas, mas atualmente muitas escolas têm entregado a confeção a privados. As refeições são técnica e cientificamente corretas mas não são apelativas para os alunos”, defendeu Manuel Pereira.

O dirigente ressalva que, na sua escola, as refeições são feitas na cantina por funcionários, garantindo que ficam abaixo do valor mínimo definido pelo Ministério da Educação. As refeições têm de ficar entre os 1,42 euros e os 1,70 euros e nós conseguimos fazê-las 20 cêntimos abaixo e oferecemos às crianças peixe fresco, não congelado”, garantiu.

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