O final do século XX foi um período áureo de afirmação e expansão das democracias. Após o colapso dos regimes fascistas, das ideologias coletivistas e das ditaduras militares da América Latina, a democracia parecia ser o único sistema político capaz de se expandir pelo mundo, enquanto se haveria de assistir à regressão dos autoritarismos. Vivia-se, portanto, um período de euforia e de crença na capacidade dos povos se libertarem dos regimes que não respeitavam os direitos humanos.

Nesta linha, sobretudo após a queda do Muro de Berlim, teve grande ressonância o pensamento de Francis Fukuyama, o qual advogava a vitória do capitalismo e da democracia liberal ocidental sobre todos os outros sistemas políticos. Estas ideias, encapsuladas no conceito de “fim da história”, contribuíram para disseminar a crença de que a democracia era um regime robusto destinado a chegar a todos os pontos de globo. Não demorou muito até compreendermos que este cenário tinha na sua base uma elevada dose de utopia, a qual nem sempre apresentava uma ligação à realidade.

Na última década, a par da afirmação de países com regimes autocráticos na cena internacional, fruto da sua grande capacidade económica e/ou de intervenção nas guerras de desinformação que decorrem no ambiente digital, assistimos igualmente a um recrudescimento de movimentos populistas que procuram corroer o funcionamento da democracia a partir do seu interior.

Talvez mais grave, em muitos casos, as próprias instituições democráticas revelam uma incapacidade de se regenerarem e de responderem às legítimas expectativas dos cidadãos em nome de quem exercem o poder. Ao verem-se envolvidos em processos e ao tomarem decisões que geram escândalo social, os agentes políticos, mas também judiciais, contribuem para minar a credibilidade da própria democracia, a qual necessita de ser continuamente cultivada. Restaurar a confiança nas instituições democráticas exige novos protagonistas, mas sobretudo novas ideias que sejam capazes de romper com as práticas enraizadas que não defendem os interesses da sociedade a quem a política deve servir.

É exatamente por acreditar no poder transformador das ideias, que nascem a partir do estudo, da reflexão e do debate, que a Faculdade de Ciências Humanas decidiu lançar a nova licenciatura em Filosofia, Política e Economia: um curso interdisciplinar que procura aliar o saber pensar ao saber planear e executar. Trata-se de um curso que oferece aos seus alunos uma sólida formação ética, acompanhada por um conhecimento aprofundado do funcionamento das instituições políticas e dos agentes económicos.

Para formar as novas gerações, é da maior importância fornecer competências que ajudem os jovens a compreenderem o impacto económico das decisões políticas e que saibam pautar a sua atuação por critérios éticos capazes de transformar a sociedade, contribuindo para a regeneração das instituições e para a implementação de políticas económicas que garantam uma maior prosperidade social.

Falamos de um curso inédito em Portugal com longa tradição em universidades na Europa e na América do Norte onde é habitualmente conhecido pela sigla PPE. Responsável pela formação de líderes políticos e empresariais, nasceu tendo como pedra angular a convicção de que o estudo do pensamento político, social, económico e filosófico tem um poder transformador nos estudantes, os quais desenvolvem pensamento crítico, analítico e lógico.

Tal permite-lhes iniciar carreiras profissionais em áreas muito diversas e contribuir para transformar a sociedade com base nos valores matriciais do humanismo e das democracias liberais e com uma profunda compreensão da complexidade dos processos políticos e económicos das sociedades contemporâneas.