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Regras para o leilão 5G criam “condições para que novos operadores possam de forma parasita utilizar as redes dos que têm estado a investir no país”, diz líder da Altice

Alexandre Fonseca deixa duras críticas a João Cadete de Matos a quem acusa de “levar ao colo” os novos operadores que estão a surgir no mercado nacional no âmbito do leilão 5G. As regras estabelecidas para o leilão vão criar “condições para que novos operadores vindos não se sabe de onde, que não têm um plano de investimento para Portugal, nem criaram um posto de trabalho” possam de “forma parasita utilizar as redes daqueles que cá têm estado neste país a investir”, disse hoje o líder da Altice.
15 Dezembro 2020, 12h05

Alexandre Fonseca considera que o sector das telecomunicações em Portugal está ameaçado e que o rosto dessa ameaça é o presidente do regulador do sector, a Anacom.

O presidente executivo da Altice Portugal, falou esta terça-feira, 15 de dezembro durante a conferência da Confederação Empresarial de Portugal (CIP), sob o tema ‘O Desafio do 5G e o Imperativo do Mercado Justo”.

“É importante dizer que hoje a nossa estratégia está ameaçada e comprometida. Aliás, a estratégia de todo o sector das telecomunicações em Portugal está ameaçada. E esta ameaça tem origem numa só pessoa, e que fique claro que não confundimos a Anacom com o seu atual presidente [João Cadete de Matos], que é o verdadeiro responsável por esta ameaça que compromete seriamente o futuro das telecomunicações, mas também da nossa economia e sociedade”, afirmou.

Alexandre Fonseca relembrou que o sector das telecomunicações é um dos mais importantes da economia portuguesa e que emprega diretamente cerca de 100 mil pessoas e que investe mais de 1.100 milhões de euros todos os anos e que vale quase 3% do Produto Interno Bruto (PIB).

Sobre o processo do 5G, o responsável deixou claro que não é aquele que a Altice Portugal defende para o país e que ele precisa e merece. “É um regulamento que não serve as empresas e as pessoas, que serve apenas para cumprir alguns indicadores estatísticos que são apenas definidos na cabeça do líder da Anacom. Este é um regulamento ilegal, não somos só nós que o dizemos, várias instituições e consultores juridicos já vieram dizê-lo. É um regulamento que destroi valor”, salientou.

Alexandre Fonseca deu o exemplo do roaming nacional, que é apelidado pelo regulador como sendo o ponto mais importante para suprir as necessidades de conectividade do nosso país. “Aquela solução milagrosa que vai levar a uma universalidade das comunicações a todos os portugueses. É importante que se diga que isto é falso e demagógico”, frisou.

O líder da Altice Portugal assumiu que o roaming nacional só serve o interesse dos novos operadores que “querem entrar de uma forma parasita no nosso mercado sem criar valor, utilizando as infraestruturas privadas de quem investiu neste país ao longo das últimas décadas”.

Sobre o leilão do 5G, Alexandre Fonseca considera que as condições benéficas e preferenciais dadas aos novos operadores são elas próprias uma das condições mais ameaçadoras deste leilão, “porque vão criar condições para que novos operadores vindos não se sabe de onde e que não conhecemos as suas intenções, nem objetivos estratégicos, que não têm um plano de investimento para Portugal, nem criaram um posto de trabalho, nem valor e emprego para o nosso país, que possam de forma parasita utilizar as redes daqueles que cá têm estado neste país a investir. Isto assume-se como uma nacionalização encapotada das redes privadas de telecomunicações”, sublinhou.

Num novo ataque à Anacom, o líder da Altice Portugal frisou que os operadores históricos continuam a aguardar o fim da novela do 5G, mas que os novos operadores “têm sido levados ao colo pelo nosso regulador e que já têm serviço de 5G”, recordando que há cerca de uma semana e meia a Anacom publicou os resultados trimestrais dos operadores móveis em Portugal e que ao mostrar os dados estatísticos trimestrais do sector, “faz a promoção de um operador, ao dizer taxativamente que o operador que mais cresceu na quota de mercado foi a NOWO e que cresceu porque foi aquele que apresentou os preços mais baixos durante este trimestre”.

Para Alexandre Fonseca, “um regulador que se demite do seu dever de neutralidade para fazer publicidade a um operador do nosso sector, é algo que merece mais do que uma reflexão, merece uma investigação”.

A finalizar, o responsável da Altice Portugal, destacou que o 5G não é um ativo da Anacom, mas do país e do Estado português, e que esta é a altura de agir, mesmo que o momento político não seja o mais oportuno e que este seja um dossiêr incómodo politicamente. “Pelo progresso digital de Portugal, este não é o 5G que Portugal precisa, este não é o regulador que Portugal merece”, realçou.

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