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Regresso da Liga trouxe pior desempenho das quatro equipas principais em três anos

Benfica, FC Porto, Sporting de Braga e Sporting não conseguiram somar três pontos no regresso do futebol aos estádios portugueses, agora com as bancadas vazias devido à Covid-19. Tão má conjugação de resultados não acontecia desde a 30.ª jornada da temporada de 2016/2017.
8 Junho 2020, 07h35

O regresso da Liga NOS após três meses de suspensão forçada pela pandemia de Covid-19, com nove jogos distribuídos entre quarta-feira e domingo, mostrou o pior desempenho das quatro principais equipas de futebol portuguesas desde a 30.ª jornada da temporada de 2016/2017, disputada em abril de 2017. Fora essa a única ocasião em que FC Porto, Benfica, Sporting e Sporting de Braga não conseguiram somar três pontos na mesma jornada, o que voltou a suceder agora, com as derrotas dos portistas frente ao Famalicão e dos bracarenses com o Santa Clara, e os empates do Sporting na deslocação a Guimarães e do Benfica na receção ao Tondela.

Na 25.ª jornada da temporada de 2019/2020 da Liga NOS, marcada pela ausência de público nas bancadas e pela escassez de golos – eram apenas 18, mas o 2-3 no Rio Ave-Paços de Ferreira da noite de domingo elevou o número para 23 -, até houve mudança de líder. Mas apenas “contabilística”, pois o empate a 0-0 com o Tondela no Estádio da Luz permitiu que o Benfica passasse a ter 60 pontos, os mesmos do FC Porto, ficando em primeiro devido ao critério de diferença entre golos marcados e sofridos. No entanto, se o campeonato terminasse assim seriam os portistas a obter o título, pois nessa altura o critério de desempate seria o confronto direto entre as duas equipas.

O Benfica desperdiçou a possibilidade de passar a ter dois pontos de vantagem sobre o FC Porto, pois a derrota portista em Famalicão, onde o líder da Liga NOS pré-Covid-19 perdeu por 2-1, não inspirou os avançados da casa no Estádio da Luz, mantendo-se o empate a 0-0 na quinta-feira. Algo que motivou mais um “caso de polícia” no futebol português, com adeptos alegadamente ligados à claque não oficial benfiquista No Name Boys, descontentes com o resultado e a exibição, a atirarem pedras ao autocarro que levava a equipa de volta ao centro de estágios do Seixal.

Desse ataque resultaram ferimentos num olho de Zivkovic, enquanto o alemão Wiegl – que estava no autocarro do Borussia Dortmund atacado à bomba em abril de 2017 – ficou em estado de choque, mas durante a noite de quinta-feira também foram vandalizadas as residências do treinador Bruno Lage e dos futebolistas Pizzi, Rafa, Grimaldo e Ruben Dias.

Sem violência de adeptos, mas com indisfarçada consternação, o FC Porto perdera três pontos na quarta-feira, sendo o primeiro golo do Famalicão ditado por um erro crasso do guarda-redes internacional argentino Marchesín, que deixou a bola nos pés de Fábio Martins. Corona ainda repôs o empate, mas um remate de Pedro Gonçalves levou a que o Famalicão voltasse a derrotar um “grande” do futebol português – já o tinha feito duas vezes ao Sporting – e reduzisse para três os pontos de desvantagem em relação ao quatro classificado, que é precisamente a equipa de Alvalade.

Para o Sporting, que fez o segundo jogo da era de Rúben Amorim depois de o antigo treinador do Sporting de Braga ver acionada a cláusula de rescisão pelo presidente leonino Frederico Varandas, num negócio que ascende a 14 milhões de euros, a deslocação ao estádio D. Afonso Henriques quase correu bem. A equipa verde e branca, na qual se estrearam o central de 18 anos Eduardo Quaresma e o médio de 21 anos Matheus Nunes, esteve a vencer em duas ocasiões, com o avançado esloveno Sporar a aproveitar uma fífia do guarda-redes Douglas na primeira parte e a tirar partido de uma assistência de Jovane Cabral, considerada fora de jogo pelo árbitro assistente mas validada pelo videoárbitro, depois do intervalo. Mas um mau alívio de bola do guarda-redes Luís Maximiano na primeira parte e um ressalto na segunda permitiram a João Carlos Teixeira e a Marcus Edwards fazer o 1-1 e o 2-2 final.

Depois de os três “grandes” tropeçarem no regresso aos relvados, também o Sporting de Braga desperdiçou na sexta-feira a oportunidade de passar a ter seis pontos de vantagem sobre o Sporting na luta pelo terceiro lugar. Deslocando-se à Cidade do Futebol, em Oeiras, onde decorrem os jogos do Santa Clara, os visitantes ainda estiveram a vencer, graças a uma grande penalidade cobrada pelo brasileiro Fransérgio, mas o seu compatriota Thiago Santana empatou antes do intervalo. Apesar de Francisco Trincão, já contratado pelo Barcelona mas que se mantém até ao final da temporada em Braga, ter reposto vantagem, Thiago Santana voltou a empatar numa grande penalidade que ditou a expulsão por acumulação de cartões amarelos do central bracarense Raul Silva. A jogar com menos um, o Sporting de Braga, agora orientado por Custódio Castro (que, tal como Rúben Amorim, não tem habilitações para ser reconhecido como treinador principal), sofreu o 3-2 no tempo de compensação, graças a um desvio do avançado brasileiro do Santa Clara Carlos Júnior.

Assim sendo, nenhuma das quatro principais equipas do futebol português somou três pontos na 24.ª jornada da Liga NOS, o que não sucedia desde abril de 2017, numa 30.ª jornada em que Sporting e Benfica empataram 1-1 em Alvalade, o FC Porto empatou sem golos com o Feirense no Estádio do Dragão e o Sporting de Braga foi derrotado em casa do Paços de Ferreira por 3-1.

O regresso do futebol português também ficou marcado pela escassez de golos: apenas 18 antes do Rio Ave-Paços de Ferreira, o que resultava numa média de dois golos por jogo. Algo que, sendo um mau indício no que toca à qualidade do espetáculo, esteve longe de destoar do resto da temporada, na qual só houve uma jornada com mais de 30 golos – logo a quinta, na qual foram assinalados 34 tentos – e seis com menos de 20. A pior nesse critério continua a ser a sétima, na qual a bola só voltou ao centro do terreno em 13 ocasiões.

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