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Regulamentação excessiva está a acabar com os mercados de capitais, segundo o fundador da Magnum Capital

Na conferência Via Bolsa, João Talone disse esperar um aumento do ‘private equity’ devido às imposições regulamentares no mercado de capitais. Rodrigo Costa, CEO da REN, partilhou a opinião e acrescentou que as pequenas empresas são ‘afogadas’ pelas regras.
21 Fevereiro 2018, 07h15

João Talone, fundador da Magnum Capital, defendeu que existe um excesso de regulamentação nos mercados financeiros, que está limitar o acesso a pequenas empresas. A posição foi partilhada por Rodrigo Costa, CEO da REN, mas não foi consensual entre os participante na conferência Via Bolsa, organizada esta terça-feira, pela Euronext Lisboa.

“Muitas vezes confunde-se transparência com excesso de informação”, referiu Talone, sobre as novas regras dos mercados financeiros que obrigam a um reforço da informação prestada aos investidores. “Toda a informação que o regulador obriga a dar vai matar a relação entre clientes e bancos”, disse.

Num painel sobre capital aberto ou private equity como forma de financiamento das empresas, João Talone explicou que o investimento através de capital privado representa 2,8% do montante global. No entanto, considera que este é complementar à bolsa e que o excesso de regulamentação poderá ser um dos impulsos para o crescimento deste veículo.

“A tendência é para que vá continuar a crescer porque os mercados de capitais estão a dar cabo de si próprios por causa dos reguladores”, continuou, numa intervenção plena de críticas à regulamentação.

Em debate com o responsável do Magnum Capital esteve o CEO da REN, que não foi menos expressivo quanto à posição em relação à regulamentação. Rodrigo Costa afirmou que a tendência é para as grandes empresas – exemplificando com a Google, a Amazon e a Alibaba – ficarem cada vez maiores porque “as empresas pequenas vivem afogadas em regulamentação que as impede de crescer”.

“Nós, gestores, temos a tarefa de combater este excesso de regulação”, disse, acrescentando que é necessário que o mercado de capitais em Portugal se torne mais atrativo para as empresas. “Estamo-nos a tornar num país de sucursais e a bolsa tem um papel importante. Estamos a viver um momento único e se não o aproveitarmos, não sei quando teremos outro”, acrescentou o CEO da REN.

A posição em relação ao excesso de regulamentação não foi, no entanto, consensual entre os presentes na conferência. O tema foi incontornável dada a série de novas regras que entrou em vigor este ano, incluindo a DMIF II, a PSD2 e a PRIIPS.

Paulo Cruz, head of trading do Millennium Investment Banking, por exemplo, defendeu que “a limitação da regulação é saudável” porque ajuda os bancos a venderem produtos financeiros de uma forma mais adequada. “Com a entrada da DMIF no início do ano, agora olhamos para o investidor também do ponto de vista do seu conhecimento”, disse.

Pouco surpreendente é que Elisa Ferreira tenha também defendido as vantagens da regulamentação. A vice-presidente do Banco de Portugal defendeu que os esforços, a nível europeu e nacional, para adotar reformas da regulação e instituições após a crise, têm resultado em melhorias no setor.

“Com toda esta legislação e novas estruturas de supervisão e nova cultura, há de facto um progresso razoável na estabilidade do sistema financeiro”, disse Elisa Ferreira, acrescentando que “os bancos portugueses têm colmatado nos últimos anos as principais dificuldades”, acompanhando a tendência internacional.

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