João Talone, fundador da Magnum Capital, defendeu que existe um excesso de regulamentação nos mercados financeiros, que está limitar o acesso a pequenas empresas. A posição foi partilhada por Rodrigo Costa, CEO da REN, mas não foi consensual entre os participante na conferência Via Bolsa, organizada esta terça-feira, pela Euronext Lisboa.
“Muitas vezes confunde-se transparência com excesso de informação”, referiu Talone, sobre as novas regras dos mercados financeiros que obrigam a um reforço da informação prestada aos investidores. “Toda a informação que o regulador obriga a dar vai matar a relação entre clientes e bancos”, disse.
Num painel sobre capital aberto ou private equity como forma de financiamento das empresas, João Talone explicou que o investimento através de capital privado representa 2,8% do montante global. No entanto, considera que este é complementar à bolsa e que o excesso de regulamentação poderá ser um dos impulsos para o crescimento deste veículo.
“A tendência é para que vá continuar a crescer porque os mercados de capitais estão a dar cabo de si próprios por causa dos reguladores”, continuou, numa intervenção plena de críticas à regulamentação.
Em debate com o responsável do Magnum Capital esteve o CEO da REN, que não foi menos expressivo quanto à posição em relação à regulamentação. Rodrigo Costa afirmou que a tendência é para as grandes empresas – exemplificando com a Google, a Amazon e a Alibaba – ficarem cada vez maiores porque “as empresas pequenas vivem afogadas em regulamentação que as impede de crescer”.
“Nós, gestores, temos a tarefa de combater este excesso de regulação”, disse, acrescentando que é necessário que o mercado de capitais em Portugal se torne mais atrativo para as empresas. “Estamo-nos a tornar num país de sucursais e a bolsa tem um papel importante. Estamos a viver um momento único e se não o aproveitarmos, não sei quando teremos outro”, acrescentou o CEO da REN.
A posição em relação ao excesso de regulamentação não foi, no entanto, consensual entre os presentes na conferência. O tema foi incontornável dada a série de novas regras que entrou em vigor este ano, incluindo a DMIF II, a PSD2 e a PRIIPS.
Paulo Cruz, head of trading do Millennium Investment Banking, por exemplo, defendeu que “a limitação da regulação é saudável” porque ajuda os bancos a venderem produtos financeiros de uma forma mais adequada. “Com a entrada da DMIF no início do ano, agora olhamos para o investidor também do ponto de vista do seu conhecimento”, disse.
“Com toda esta legislação e novas estruturas de supervisão e nova cultura, há de facto um progresso razoável na estabilidade do sistema financeiro”, disse Elisa Ferreira, acrescentando que “os bancos portugueses têm colmatado nos últimos anos as principais dificuldades”, acompanhando a tendência internacional.
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