[weglot_switcher]

Reino Unido já está a pagar a conta e o Brexit ainda nem aconteceu

O plano de saída de Boris Johnson vai ter um custo superior ao pacto alcançado por Theresa May, que foi chumbado por diversas vezes no Parlamento britânico. 
  • Stefan Wermuth / Reuters
18 Novembro 2019, 13h33

Foram muitas votações e alguns anos de discussão em relação ao Brexit. Agora, três anos depois da maioria dos britânicos ter optado por sair da União Europeia em referendo, o Reino Unido já está a pagar a conta de uma saída que ainda nem aconteceu.

O crescimento da economia britânica dos últimos 12 meses foi o mais fraco da década, embora a economia do Reino Unido tenha estado muito próximo de uma recessão, que foi evitada pelo crescimento de julho, mês em que Theresa May se demitiu como primeira-ministra.

Conforme aponta o El Pais, devido aos fracos resultados que foram observados neste último ano, o Banco de Inglaterra cortou as previsões de crescimento para os próximos três anos e alertou ainda para a possibilidade de um aumento das taxas de juro durante a segunda metade do próximo ano.

No entanto, não só é o Banco de Inglaterra que revê em baixa o crescimento económico do país. O Instituto Nacional de Pesquisa Económica e Social argumenta que o Reino Unido perdeu 2,5 pontos do PIB, uma vez que o Brexit foi votado a favor, e que a economia vai observar um crescimento de 3,5% e um PIB per capita de 2,6%. Por sua vez, a organização ‘UK in a Changing Europe’ elevou o crescimento para 7% por habitante, mesmo no seu cenário mais pessimista.

Assim, os dois estudos analisados pela publicação espanhola, revelam que o plano de saída de Boris Johnson vai ter um custo superior ao pacto alcançado por Theresa May, que foi chumbado por diversas vezes no Parlamento britânico.

O crescimento da economia britânica no terceiro trimestre fixou-se em 0,3%, um valor abaixo do que os analistas esperavam. Ainda assim, a economia parece estar a resistir a um Brexit forçado, com a atração de serviços e de um melhoramento no setor da construção, mas que ainda assim a economia contraiu 0,2% em agosto e 0,1% em setembro.

Devido a estas contrações da economia, durante dois meses seguidos, o Banco de Inglaterra reduziu as expectativas de crescimento até 2022. Embora tenha aumentado as expectativas em agosto, com a chegada de um novo primeiro-ministro, o Banco de Inglaterra estima que a economia deverá crescer 1,2% em 2020, em vez dos 1,6%, e 1,8% em 2021, ao contrário dos 2,3% previstos, e 2% em 2022 em vez dos 2,5%.

Ainda assim, o Banco de Inglaterra avança com estes valores tendo em conta um cenário da melhoria da economia global, uma vez que a economia alemã teima em contrair, e que o processo do Brexit avance.

Jonathan Haskel e Michael Saunders, membros do Comité de Política Monetária, que votaram a favor de um corte nas taxas de juros, sustentam que só o fizeram porque acreditam que o mercado de trabalho está em queda. Embora o emprego tenha atingido bons níveis, o número de empregos vagos apresentou uma grande quebra, sendo este um indício para Haskel e Saunders de que o mercado de trabalho terá problemas em breve.

Desde que foi anunciada uma saída da União Europeia que o Reino Unido tem vivido de incertezas económicas e políticas, uma vez que o Parlamento britânico chumbou consecutivamente as propostas alcançadas por Theresa May junto dos líderes europeus

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.