Populismo, imigração e a relação entre a Europa e os Estados Unidos foram os temas abordados no debate “A Europa e o Mundo – A Nova Reconfiguração e os Efeitos em Portugal”, no segundo e último dia da Convenção da Europa e da Liberdade, que está a decorrer na Culturgest, em Lisboa.
“O enfraquecimento dos partidos do centro passa-se em todos os países da União Europeia (UE)”, afirmou o investigador João Marques de Almeida, que culpa o populismo pela perda de território dos partidos de centro para os partidos extremistas. Em sua opinião, a democracia leva naturalmente ao populismo, mas também o nacionalismo representa uma “ameaça à UE e globalização”. “É preciso fazer destes partidos mais pró-União”, alertou.
João Marques de Almeida aproveitou a sua intervenção sobre o nacionalismo para falar no desempenho de António Costa enquanto primeiro-ministro, apontando como única coisa positiva a integração “do Bloco de Esquerda e PCP mais para dentro do regime politico”.
Por outro lado, a onda de migração originada pela guerra na Síria surgiu no debate como sendo um tema que caiu no esquecimento, mas não deixa de ser importante para a refundação da União Europeia. “A Europa devia ter um papel mais forte nas questões internacionais”, disse o antigo deputado do PS Miranda Calha, que referiu ser fundamental perceber os efeitos do fluxo de imigrantes da Síria para os países europeus. A ex-jornalista e candidata a deputada pelo CDS Raquel Abecassis concordou e também apontou a “demografia como um dos grandes problemas da Europa”.
Os desafios da UE ultrapassam o território europeu e chegam à América. Júlio Miranda Calha considerou ser necessário um “empenhamento maior com a colaboração com os Estados Unidos”. Por outro lado, Marques de Almeida explicou que a “Europa viveu num mundo bipolar de hegemonia americana” em que os Estados Unidos “foram o guarda-chuva que permitiu avanços na integração europeia” e relembrou ser inevitável “um futuro confronto entre Estados Unidos e China”.
O economista Joaquim Aguiar partilha da mesma opinião e considera possível esse conflito. “Quem tem o maior peso da dívida americana é o banco central chinês” e o mesmo se passa na Europa, salientou. “Para podermos controlar aqueles que sendo credores têm um poder especial sobre o devedor, então é preciso que haja união bancária e fiscal que permita corrigir aquilo que a União Europeia não tem”.
O coronavírus também teve tempo de antena no debate, moderado pela jornalista Maria João Avillez. Raquel Abecassis referiu que “a globalização também é isto, um vírus que aparece do nada e pode pôr em questão todos os dados da equação”.
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