O general Petr Pavel e o ex-primeiro-ministro Andrej Babis vão disputar a segunda volta das eleições presidenciais na República Checa, depois de, na primeira volta (este fim-de-semana) terem ficado em primeiro e segundo lugar, respetivamente com votações muito próximas: 35,4% e 35%.
Quem ficou para trás foi a académica Danuse Nerudova, que, não tendo ido além de uns inesperados 13,9% (as sondagens davam-se mais 10 pontos percentuais), acaba assim com a possibilidade de à frente do país ficar alguém definitivamente europeísta. Nenhum dos outros cinco candidatos conseguiu ultrapassar os 7% dos votos.
A acreditar nas sondagens – as mesmas que referiam que Nerudova tinha fortes possibilidades de alcançar a segunda volta – Petr Pavel deverá, aos 61 anos, tornar-se no próximo presidente do país. General do exército na reserva, foi um destacado dirigente da NATO entre 2015 e 2018. Antes disso, de 2012 a 2015, foi chefe do Estado-Maior das Forças Armadas.
Já como militar, inscreveu-se em 1985 no Partido Comunista da Checoslováquia – o que m,ais tarde, já em democracia, acabaria por trazer-lhe vários problemas. Pavel acabaria por confessar que a inscrição no partido (numa altura em que era a única formação partidária legal), era a única forma de evoluir na carreira militar.
Após a Revolução de Veludo, estudou em Londres e, no King’s College London, concluiria um mestrado em Relações Internacionais. Entrou para o serviço de Inteligência Militar (1991–1993) e mais tarde serviu no contingente de tropas checas que fizeram parte da Força de Proteção das Nações Unidas na Bósnia.
Em janeiro de 1993, a sua unidade foi enviada para evacuar uma base militar francesa onde os soldados estavam sitiados por tropas sérvias – naquela foi uma das ações militares mais conhecidas ao tempo: o exército francês não conseguiu evacuar a base devido à destruição da infraestrutura local e da ponte que a servia; o exército checo foi chamado uma vez que se encontrava a apenas 30 km da base.
Pavel e mais cerca de 30 soldados enfrentaram, na viagem de duas horas, forte oposição das forças sérvias, mas acabaram por resgatar 55 soldados franceses (dois deles tinham entretanto morrido). Pavel acabaria por ser agraciado pelos exércitos francês e checo.
Quando foi nomeado pelo governo checo para a presidência do Comité Militar da NATO tornou-se no primeiro presidente da organização a ser ex- membro do Pacto de Varsóvia – a aliança soviética em tudo semelhante à NATO que era formada pelos países-satélites da URSS.
Em abril de 2020, Pavel lançou a iniciativa Stronger Together, com o objetivo de ajudar o país na luta contra a pandemia, organizando um plano de crowdfunding para assistência financeira aos voluntários que ajudaram nos hospitais do país. Na altura, a iniciativa foi entendida como uma plataforma de acesso às presidenciais. Pavel não o admitiu, mas a verdade é que está agora no lugar certo para ser o próximo presidente da República Checa.