Continua uma miragem o fim desta pandemia, e os efeitos na nossa economia real têm sido devastadores. Estamos perante uma das maiores crises financeiras conhecidas, com um défice de 7% do PIB neste ano, a dívida pública a disparar para 133,8% da riqueza anual nacional, com o Estado mais endividado, segundo dados do INE.

O Governo tem falhado no apoio à recuperação da economia e nos apoios sociais às famílias, não conseguindo travar uma crise  social que está à vista de todos. Nada adianta apresentarem planos e mais planos, se estes não forem direcionados para as Empresas e para as Pessoas. Sim, estas devem ser as prioridades nacionais.

Também sabemos ser necessário o investimento no Estado e nos serviços públicos, mas antes o centro são os Portugueses, na forma como os 12,9 mil milhões de euros vão ser distribuídos, pois resultou de um plano europeu para os países recuperarem da crise. E não, não poderá ser para o Governo fazer o que já deveria ter feito nos últimos cinco anos e que até garantia no início do ano ter feito.

Todos sabemos o quão importante também é investirmos nos serviços públicos e no sistema judicial, para que este seja mais eficiente, na saúde e na educação ou no território, mas sem empresas e sem emprego, não vamos lá!

Não há nada mais absurdo, a roçar a incompetência, do que aplicar o dinheiro que nos é dado, para combatermos uma crise sanitária, ou melhor para não morrermos da doença, nem da cura, do que aplicar o grosso do dinheiro a capitalizar apenas empresas do Estado, como a TAP, ou a CP, ou a Efacec, ou a reestruturar apenas o Estado, tentando agora fazer tudo aquilo que nestes últimos anos com o dinheiro dos nossos impostos, não foi feito…

Verdadeiramente resilientes têm sido as nossas empresas que, perante esta crise e quase sem apoios expressivos do Estado e das instituições, têm resistido a custo, mas é urgente criar condições efetivas para que consigam sair desta depressão económica a que estamos expostos.

A alocação dos recursos neste plano de recuperação e resiliência não pode mesmo ser tão desequilibrada, em que às empresas (que criam valor, riqueza, retribuição salarial, emprego e pagam impostos ao Estado), o Governo parece apenas querer manter os apoios criados no quadro da pandemia, as moratórias e as linhas de financiamento, ou seja, endividamento.

Na verdade, o que agora se está a discutir é a aplicação de verbas europeias, que nos estão a ser dadas para recuperarmos. Ora, as empresas não precisam de mais endividamento. Precisam, como a TAP e outras, de capital para sobreviverem e poderem reestruturar-se e investir, mantendo os empregos e a retribuição salarial com valorização.

Se este fundo de recuperação e resiliência não conseguir encarar este momento como uma oportunidade única para criar mecanismos de capitalização empresarial, por exemplo, via banco do fomento, teremos uma oportunidade perdida. E trágica.