De visita à capital, o ministro do Interior espanhol, Jorge Fernández Diaz, avançou que o grupo terrorista
Resistência Galega pretender instalar uma base logística no nosso país.
Segundo Jorge Fernández Diaz, este grupo é “uma organização muito pequena” e “não comparável à ETA”, pretende “ter no norte de Portugal algum tipo de base logística”.
Estas declarações do ministro espanhol foram feitas após um recente encontro com a ministra da Administração Interna, Anabela Rodrigues, em que foram analisados a prevenção e o combate ao terrorismo, imigração ilegal, criminalidade organizada e tráfico de seres humanos.
Na perspectiva de Fernández Diaz, para controlar esta organização terrorista, que tem como objetivo conseguir uma Galiza independente, Espanha conta com a “imprescindível colaboração” portuguesa, acrescentando ainda que Portugal e Espanha têm a mesma visão perante a atual ameaça terrorista, sendo, por isso, necessário adotar medidas em conjunto. Nesse sentido, destacou a troca de informação existente entre os serviços de informação e secretos dos dois países, sublinhando que tal só existe por que há “confiança mútua”.
Deste lado da fronteira, a ministra afirmou que “foi uma reunião muito produtiva, num ambiente de confiança mútua, que é base imprescindível para a cooperação eficiente e eficaz”. “Reafirmamos os resultados positivos ao nível de troca de informações e ao nível da cooperação operacional”, disse Anabela Rodrigues.
Resistência Galega
Depois de uma maior tranquilidade alcançado o controlo sob a atividade da ETA, os espanhóis voltam à inquietação com a Resistência Galega. Que entretanto, nos últimos relatórios das autoridades competentes, já foi considerada um “grupo terrorista” e é mesmo considerada “a principal ameaça terrorista em Espanha”, no plano interno, a par do envolvimento de espanhóis no Estado Islâmico. Na verdade, é preciso remontar a 1964, com o nascimento do partido político de extrema-esquerda Bloco Nacionalista Galego (BNG), para se conhecerem os primeiros nacionalismos na Galiza, sem contudo expressarem intenções independentistas.
Quanto à expresssão “resistência galega” pode dizer-se que é um termo utilizado por diferentes grupos organizados no quadro da luta pela independência da Galiza. Considerados continuadores de outros grupos armados, que defendem a independência, nomeadamente os Luta Armada Revolucionária, Liga Armada Galega e o Exército Guerrilheiro do Povo Galego Ceive, publicaram um Manifesto pela resistência galega em 2005, tendo então despoletado alguns ataques, fundamentalmente contra de partidos políticos, entidades bancárias e exército. Existe ainda a tese de que a as suas origens estão ligadas às próprias forças de segurança espanholas que assim trabalhariam clandestinamente pelo independentismo legal e pacífico. Espanha já concluiu que o grupo tem três células ativas, em Santiago, Vigo e uma terceira “móvel, que se vai deslocando por toda a Galiza e norte de Portugal.
Sobre o seu líder, é apontado Antonio García Matos, ex-membro do Exército Guerrilheiro do Povo Galego Ceive, conhecido como “Toninho”, preso em novembro de 2005 mas que rapidamente foi libertado. Existem suspeitas de que possa estar escondido em Portugal, de onde ordenaria ataques, mantendo os ativistas, em treinos, nas montanhas da Galiza.
Pressão ibérica para apressar o “Passanger Name Records”
Neste encontro entre os ministros com a pasta da Administração Interna, o governante espanhol realçou que os dados que constituem o PNR – Passenger Name Records – não afetam a intimidade dos visados, mas são antes “perfis de risco que servem para alertar as autoridades de cada país de que podem estar perante um suposto terrorista”. “O PNR é um sistema que está desenhado para prevenir, investigar e perseguir terroristas ou autores de crimes de especial gravidade, como o tráfico de pessoas, armas e explosivos”, insistiu, “e não um sistema de controlo de fronteiras”.
Assim sendo, Portugal e Espanha, a uma só voz, consideram que a aprovação do registo da identificação de passageiros, cuja diretiva está parada no Parlamento Europeu, deve ser apressada para ajudar os Estados-membros a combater a ameaça terrorista. “A segurança das fronteiras exteriores da UE é a melhor maneira de garantir a livre circulação no interior do espaço Schengen”, acrescentou Jorge Fernández Diaz.
Sónia Bexiga