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Resorts regressam em força ao mercado português

A construção de resorts em Portugal volta volta a animar e a procura cresce, sendo ainda os ingleses quem mais escolhem este produto turístico-imobiliário mas há compradores de 40 nacionalidades.
9 Junho 2018, 14h15

Entre 2000 e 2007 o mercado imobiliário português viveu momentos de ‘glória’ com a construção de grandes empreendimentos turísticos-imobiliários, a maioria designados resorts, alguns considerados Projetos de Interesse Nacional – PIN. Muitos construíram-se e afirmaram-se, outros foram apanhados pela crise e alguns acabaram por nem sair do papel.

Em 2014, o mercado começou novamente a dinamizar e com o turismo em ascensão os resorts voltaram a marcar a sua posição. Alguns dos que ficaram em stand by regressaram e só no Algarve estão em pipeline 50 projetos habitacionais com potencial turístico e as casas integradas em resorts deverão valorizar 7,1% este ano, revela a Confidencial Imobiliário. Números avançados no âmbito do “Resorts Market Sentiment Survey”, um inquérito iniciado no quadro do SIR- Turismo Residencial, o sistema estatístico desenvolvido pela Confidencial Imobiliário em parceria com a APR – Associação Portuguesa de Resorts, com o apoio do Turismo de Portugal.

E nem mesmo a crescente procura pelo imobiliário urbano, sobretudo na cidade de Lisboa tem enfraquecido o interesse e o investimento estrangeiro para os resorts.  Pedro Fontainhas, Diretor Executivo da APR – Associação Portuguesa de Resorts revela que a generalidade dos resorts oferece um produto distinto do dos centros das cidades. “O investidor em resorts procura qualidade de vida, em ambiente saudável e seguro, com serviços complementares diferenciados, e a valorização do seu investimento quer pela exploração turística do seu imóvel como pela valorização do mesmo em caso de revenda futura. No entanto, a maioria dos resorts consegue oferecer o melhor de dois mundos, encontrando-se a pouca distância, e com excelentes acessos, de qualquer dos centros urbanos nacionais”, salienta.

Também Eduardo Abreu, sócio da Neoturis, empresa de consultoria, estratégica e de negócio, direcionada para o acompanhamento do turismo, entretenimento e lazer, explica que de facto alguns resorts estão a sair das gavetas onde estiveram estacionados alguns anos. Contudo, admite que existe aparentemente uma tendência para áreas do produto imobiliário um pouco mais pequenas do que as previstas em planos anteriores. O responsável da Neoturis, esclarece que as principais diferenças face ao período pré-crise residem na necessidade de ter obra no terreno ou mesmo algum produto final quase concluído antes do início da comercialização. Atualmente, os projetos também são apresentados de forma inequívoca com a irreversibilidade de médio e longo prazo dos mesmos, o que se consegue apenas com promotores reconhecidos e financiadores sólidos e assegurados.

“Também  é fundamental a apresentação da estratégia de exploração turística das unidades residenciais – com parceiros de gestão credíveis e rendimentos assegurados razoáveis e suportados em business plans – assim como das vertentes hoteleiras tradicionais”, explica.

Pedro Fontainhas adianta ainda que a procura por este produto tem subido, “2017 foi um ano positivo e a previsão para 2018 é de continuidade no crescimento da procura”. Os principais mercados emissores continuam a ser Reino Unido, Benelux/Escandinávia, e França. Mas há compradores de outras 40 nacionalidades em cinco continentes a investir em resorts portugueses.  Eduardo Abreu refere também o crescente interesse dos alemães, assim como os mercados com compradores nas regiões de Lisboa ou Porto e que podem evoluir para segundas aquisições em Portugal, como por exemplo, o Brasil.

Na verdade, segundo o estudo “um segundo pelotão, somando cerca de 25% do mercado, é composto por compradores da Alemanha, Irlanda, China, Médio Oriente e América do Norte. Este bloco ganhou quota entre os anos 2016 e 2017, em especial pela maior procura de investidores do Médio Oriente, surgindo também outras nacionalidades que em 2016 tinham menos expressão, como é o caso da brasileira e italiana”.

Valores entre os 3.500 e os 5.000 euros/m2

Quanto aos preços praticados neste segmento de mercado, Eduardo Abreu avança que depende muito naturalmente de resort para resort mas “diria que a partir de 2 500 euros a 3 000 euros/m2 até a valores mais próximos dos 8 000 euros a 10 000 euros/m2 no topo do mercado. Não obstante podemos estimar que mais de 50% das vendas estarão posicionadas entre os 3 500 e os 5 000 euros/m2”.

De facto, no 3º trimestre de 2017, o Algarve registou uma valorização trimestral de 2,6%, sendo que desde o 2º trimestre de 2015 que os preços exibem um comportamento positivo e acima do patamar pré-crise.

Para perceber como este mercado está novamente em crescimento, basta ver alguns dos projectos recentemente anunciados.

O Ombria Resort, o novo empreendimento imobiliário de luxo situado no concelho de Loulé, no Algarve, promovido pela empresa de investimentos finlandesa Pontos, com um investimento de 100 milhões de euros para a primeira fase e que engloba um hotel de 5 estrelas, o Viceroy at Ombria Resort, com 76 quartos e suites de luxo, as Viceroy Residences at Ombria Resort e ainda as Alcedo Villas e o Oriole Village.

A colocação da primeira pedra do resort ‘La Réserve’, que marca o início dos trabalhos do Resort Natural & SPA, na Comporta – Carvalhal aconteceu no passado dia 17 de maio, sendo promovido pelo Group Terrésens, de origem francesa. Com inauguração para o verão de 2020, o ‘La Réserve’ vai abranger 10 hectares de espaço preservado junto às dunas, e terá três diferentes tipos de imóveis: um hotel-apartamento, as casas de pescadores e as villas.

Depois de ter ficado parado, também o West Cliffs, no concelho de Óbidos, voltou a renascer, o ano passado. O conjunto turístico de 5 estrelas, que ocupa uma área de 230 hectares, vai ter para além do campo de golfe e do Club House já construídos, dois hotéis de cinco estrelas, o Hotel da Falésia com 130 e Hotel do Pinhal com 60 quartos e a componente imobiliária que tem a assinatura do arquiteto Sua Kay.

Foi também anunciado em abril a comercialização do primeiro projeto de Vilamoura World em 2018. O Central, um condomínio fechado com 80 casas, com valores a partir de 630 mil euros. O empreendimento terá as primeiras unidades prontas no início de 2020. Ainda inegrado no Vilamoura World, foi anunciado em maio o Uptown, com casas prontas a habitar a partir de 2020, com valores desde 294.400 euros.

Outro projeto em desenvolvimento é o Muda Reserve um projeto Imobiliário /Turístico a desenvolver na aldeia da Muda pelo grupo Vanguard Properties num investimento de 200 milhões de euros.

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