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Resposta à Fox News? Os Obama estão a caminho da Netflix

A confirmar-se o programa na Netflix, os Obama poderão ver a sua influência aumentar, sabendo que a plataforma de streaming tem cerca de 117 milhões de subscritores em todo o mundo, 55 milhões dos quais nos EUA.
  • (Official White House Photo by Pete Souza)
9 Março 2018, 18h47

O ex-presidente dos Estados Unidos Barack Obama e a mulher, Michelle Obama, estão em negociações com a plataforma de streaming Netflix para a produção de um programa exclusivo, de acordo com o noticiado pelo “New York Times” (NYT) na quinta-feira, 8, que confirmou o facto junto do consultor de Obama, Eric Schultz.

“O Presidente e a Michelle sempre acreditaram no poder de contar histórias para inspirar”, disse Eric Schultz ao NYT. “Eles sempre valorizaram as histórias das pessoas cujos esforços fizeram a diferença e estão silenciosamente a mudar o mundo para melhor”, acrescentou.

O acordo ainda estará numa fase inicial, sem se saber os pormenores quanto ao formato do programa e os valores envolvidos, mas o NYT prevê que será algo próximo de uma série de comentários sobre a atualidade informativa, moderado pelos Obama. Os temas estariam relacionados com saúde, imigração ou alterações climáticas.

Quanto a valores, o NYT não avançou um número, mas tendo em conta que Barack e Michelle Obama cobraram cerca de 60 milhões dólares para uma biografia autorizada – escrita pelos próprios – e que só por uma palestra, sobre a saúde nos EUA, Obama cobrou 400 mil dólares, os valores com a Netflix poderão ser muito elvados.

A confirmar-se o programa na Netflix, os Obama poderão ver a sua influência aumentar, sabendo que a plataforma de streaming tem cerca de 117 milhões de subscritores em todo o mundo, 55 milhões dos quais nos EUA.

Fontes próximas, segundo o NYT, disseram que o objetivo do programa não será o de responder às críticas dos conservadores nem à Fox News, mas sim ter um método de comunicação eficiente com o público. Através do programa, os Obama deverão procurar evitar choques com a administração Trump, embora possam criar novas correntes de opinião contra a atual administração na Casa Branca.

Barack Obama, antecessor de Donald Trump na presidência dos EUA, esteve na Casa branca entre 2009 e 2017 e soube usar, a seu favor, o advento das redes sociais e a confirmação da digitalização dos meios de informação. Ao contrário de anteriores presidentes norte-americanos,  notícias de tudo o que o 44º presidente dos EUA fazia chegavam às pessoas de forma quase instantânea.

A promoção dos direitos LGBT, o programa de saúde ‘Obamacare’ (cancelado por Trump), a intenção de controlar a venda de armas a menores e até a captura e subsequente execução de Osama Bin Laden, deixaram Barack Obama – também Michelle que ‘revolucionou’ a postura de uma primeira dama nos EUA ao participar em diversos talk-shows – com uma visibilidade e influência mediática sem precedentes.

Nem mesmo as consequências da crise económica do ‘subprime’, a promessa falhada do encerramento da prisão de Guantánamo ou a incapacidade de deixar de influenciar guerras no Médio Oriente (Irão, Iraque, Síria, Afeganistão), deixaram Barack Obama “cair em desgraça”.

O programa com os Obama confirma também a estratégia da Netflix para aumentar a sua competitividade face aos canais de televisão tradicionais. A Netflix tem investido cada vez mais em conteúdo original – como o documentário “Icarus”, vencedor do Óscar para Melhor Documentário em 2018.

A confirmar-se o programa dos Obama, esta não será a estreia de Barack Obama na Netflix. Em janeiro, foi o primeiro convidado de David Letterman em “O Próximo Convidado Dispensa Apresentações”.

Segundo o NYT, a Apple e a Amazon, que têm as suas próprias plataformas de streaming, também demonstraram interesse num programa com os Obama. Ainda assim, dadas as públicas boas relações entre o casal com o diretor-executivo da Netflix, Reed Hastings, a Nteflix parte em vantagem.

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