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Respostas Rápidas: Como reagiu a Europa ao desvio do avião para a Bielorrússia

Na sequência do sequestro e consequente detenção do jornalista Roman Protasevich, surgem várias reações de governos por todo o mundo que condenam o ato da Bielorrússia. As possíveis consequências para o país europeu ainda estão por apurar, mas já se fala em sanções e exclusões do espaço aéreo europeu.
24 Maio 2021, 17h03

O avião que foi desviado este domingo para Minsk, na Bielorrússia, a meio de um voo entre Atenas (Grécia) e Vílnius (Lituânia), aterrou na capital lituana sem o jornalista bielorrusso Roman Protasevich, o que gerou várias reações da comunidade internacional, que condenam a ação, mas também a própria atuação da companhia do avião em causa, a Ryanair.

De acordo com as informações avançadas por vários órgãos de comunicação social internacionais, o desvio do avião que culminou com a detenção do jornalista e ativista Roman Protasevich, em Minsk, foi uma operação dos serviços de segurança bielorrussos.

Quem é o jornalista Roman Protasevich?

Roman Protasevich, é o responsável pelo canal Nexta na rede social Telegram que se tornou a principal fonte de informação nas primeiras semanas de protestos antigovernamentais após as eleições presidenciais de agosto de 2020 na Bielorrusia, é considerado como ‘persona non grata’ pelo governo bielorrusso. O jornalista bielorrusso já tinha notado que estaria a ser seguido em Atenas, alegadamente por agentes ligados aos serviços secretos da Bielorrússia.

Quais as circunstâncias para o desvio do avião?

Através do Telegram, o canal Nexta defendeu que foram os agentes dos serviços secretos bielorrussos que alertaram para a existência de um alegado engenho explosivo no interior do avião. Fontes próximas da presidência relataram que foi Lukashenko quem ordenou pessoalmente a interceção do avião, que foi escoltado por um caça MiG-19, a fim de supostamente defender a Europa de uma ameaça à sua segurança.

Qual foi a reação dos governantes europeus?

Os chefes de Estado e de governo da União Europeia (UE) discutem na reunião do Conselho Europeu, segunda-feira, em Bruxelas, “possíveis sanções” contra a Bielorrússia. O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, “vai colocar [segunda-feira] a questão da aterragem forçada do voo da Ryanair em Minsk” e “as consequências e possíveis sanções serão discutidas nesta ocasião”.

Adicionalmente, a UE convocou o embaixador da Bielorrússia em Bruxelas. O secretário-geral deste serviço, Stefano Sannino, transmitiu ao diplomata bielorrusso “a firme condenação das instituições da UE e dos Estados-membros da UE ao ato coercivo pelo qual as autoridades bielorrussas colocaram em perigo a segurança dos passageiros e da tripulação”. Os líderes dos países da UE analisam “as consequências destas ações, incluindo as possíveis medidas contra os responsáveis.”

Como reagiu o Governo português?

O Governo português, através do Ministério dos Negócios Estrangeiros, condenou o desvio do avião afirmando que “a aterragem forçada hoje na Bielorrússia de um avião europeu, em rota entre duas capitais da União Europeia, é inaceitável e merece a nossa firme condenação. Exigimos a libertação imediata de Roman Protasevich”.

Qual a reação da Ryanair?

A companhia aérea britânica emitiu esta terça-feira uma nota de imprensa onde condena o sequestro do avião pelas autoridades bielorussas, um ato que considera como “pirataria aérea”. A Ryanair acrescenta que “está tudo a ser tratado com as entidades de segurança da União Europeia e com a NATO. A Ryanair está a cooperar totalmente com estas entidades e não poderá comentar mais nada por questões de segurança”, diz.

Quais as implicações imediatas no espaço europeu?

França sugeriu uma “proibição do espaço aéreo” da Bielorrússia, medida implementada no imediato pelo Reino Unido através do secretário de estado dos Transportes, Grant Shapps, que ordenou a todas as aeronaves britânicas não passem no espaço aéreo bielorusso. Além disso, a Organização de Aviação Civil Internacional, órgão vinculado à ONU, já veio dizer que a aterragem forçada “pode ser uma violação da Convenção de Chicago”, que protege a soberania do espaço aéreo das nações.

Qual a justificação do governo bielorrusso?

Por seu lado, os media estatais bielorussos defenderam a interceção do avião da Ryanair, considerando a reação normal devido a uma “ameaça de bomba” a bordo, e retrataram o jornalista preso como um “extremista”.

Quais os próximos passos?

A UE defende a realização de uma investigação internacional sobre o desvio e aterragem forçada de um avião civil na Bielorrússia para deter um opositor. “Ao levar a cabo este ato coercivo, as autoridades bielorrussas puseram em risco a segurança dos passageiros e da tripulação. Deve levar-se a cabo uma investigação internacional sobre este incidente para determinar qualquer incumprimento das normas de aviação internacional”, disse hoje o alto representante para a Política Externa da União Europeia, Josep Borrell.

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