O que se sabe até agora do massacre na cidade ucraniana de Bucha?
Em Bucha, cidade a 30 quilómetros da capital ucraniana recapturada recentemente por Kiev ao exército russo, pelo menos 57 cadáveres foram encontrados nas ruas e enterrados em valas comuns.
O ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia, Dmytro Kuleba, denunciou o “massacre deliberado” na cidade de Bucha.
“O massacre de Bucha foi deliberado. Os russos querem eliminar o maior número possível de ucranianos. Devemos prendê-los e expulsá-los. Exijo novas sanções devastadoras do G7 agora”, escreveu o governante no Twitter.
No sábado, a agência noticiosa “France-Presse” avançou que viu pelos menos 20 corpos de civis com roupas numa rua de Bucha espalhados por várias centenas de metros. Fotografias publicadas recentemente confirmam que uma das vítimas tinha as mãos amarradas.
Ontem, domingo, a procuradora-geral da Ucrânia, Iryna Venediktova, anunciou que foram encontrados 410 corpos de civis em territórios da região de Kiev.
Como é que a comunidade internacional reagiu?
Em reação ao massacre, a ministra da Defesa alemã, Christine Lambrecht, defendeu que “naturalmente é preciso responder de forma consequente”, aludindo à proibição da importação do gás russo.
“É chocante a brutalidade das imagens que nos chegam de Busha. Condenamos veementemente estas atrocidades contra civis. Uma barbaridade inaceitável que tem de ser veementemente punida pela justiça internacional”, escreveu António Costa na sua conta oficial na rede social Twitter.
Por sua vez, o secretário-geral da ONU manifestou-se “profundamente chocado com as imagens de civis mortos em Busha”, defendendo que “uma investigação independente que permita encontrar os responsáveis”.
Os assassinatos de civis atribuídos ao exército russo em Busha, perto da capital da Ucrânia, Kiev, são “horríveis”, afirmou hoje o secretário-geral da Organização do Tratado Atlântico Norte (NATO), denunciando uma “brutalidade sem precedentes na Europa nas últimas décadas”.
“Crimes de guerra” e “ataques desprezíveis” foram as palavras usadas por Boris Johnson para descrever os ataques contra civis na cidade ucraniana de Busha,prometeu aumentar as sanções contra Moscovo.
“Os ataques desprezíveis da Rússia a civis inocentes em Irpin e Busha são mais uma evidência de que Putin e o seu exército estão a cometer crimes de guerra na Ucrânia”, disse o chefe do executivo britânico em comunicado, que prometeu aumentar as sanções a Moscovo.
Joe Biden classificou o massacre ocorrido em Bucha como um “crime de guerra”, afastando , porém, o termo “genocídio.
“Talvez se lembrem que fui criticado por chamar a Putin um criminoso de guerra. Bem, a verdade é que se viu o que aconteceu em Bucha. Isto justifica-o – ele é um criminoso de guerra. (…)Temos de continuar a fornecer à Ucrânia as armas de que necessita para continuar a luta e temos de obter todos os detalhes para que isto possa ter um julgamento por crime de guerra (…)”, afirmou hoje o presidente dos EUA.
Como é que o Kremlin reagiu às acusações?
O Kremlin negou que as tropas russas tenham matado civis na cidade de Bucha e assegurou que todas as fotografias e vídeos publicados pelo governo ucraniano são uma “provocação”. Na sequência das imagens do massacre que vieram a público, a Rússia convocou uma reunião do Conselho de Segurança da ONU para discutir os alegados crimes de guerra contra os ucranianos.
“O Ministério da Defesa russo refuta as acusações do regime de Kiev sobre o alegado assassinato de civis na cidade de Busha, região de Kiev”, comentaram os militares russos na sua conta oficial do serviço de mensagens Telegram.
“Todas as fotografias e todos os vídeos publicados pelo regime de Kiev, que alegadamente atestam algum tipo de “crime” por militares russos na cidade de Busha, são outra provocação”, é referido na mesma nota.
O massacre constitui um crime de guerra?
De acordo com a Human Rights Watch, este é um “caso inequívoco de execução sumária pelas forças da Federação Russa”.
Num relatório divulgado ontem, domingo, a organização reúne dados reculhidos junto de dez testemunhas, vítimas e residentes dos territórios ocupados, que espelham a “crueldade inexplicável e a violência deliberada contra civis por parte das forças armadas russas, que, no entender da HRW, devem ser investigadas como crimes de guerra”.
A União Europeia (UE) anunciou esta segunda-feira que estabeleceu uma equipa de investigação conjunta com a Ucrânia para investigar alegados crimes de guerra russos e crimes contra a humanidade na sequência disseminação das imagens chocantes do massacre em Bucha .
“A UE está pronta a reforçar este esforço enviando equipas de investigação no terreno para apoiar os Serviços do Ministério Público ucraniano. A Eurojust e a Europol estão prontas a ajudar”, disse a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.