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Respostas Rápidas: o que diz o acordo entre Merkel e a CSU?

Depois de duas semanas de dramatismo em crescendo, a chanceler Angela Merkel e os seus aliados tradicionais da CSU conseguiram chegar a um acordo. Os analistas consideram-no curto – porque dependente de variáveis que não estão totalmente nas mãos do governo alemão, mas suficiente para deixar para trás os piores momentos da crise política germânica.
3 Julho 2018, 15h42

O que diz o acordo entre a CDU e a CSU?

Os dois partidos concordam com um novo regime de controlo fronteiriço na linha que separa a Alemanha da Áustria, “que garanta que os requerentes de asilo cujos procedimentos são da responsabilidade de outros países da União Europeia não entrem no país”. O acordo estabelece a criação de “centros de controlo a partir dos quais os requerentes de asilo são enviados diretamente para os países responsáveis”, “agindo de forma coordenada” com “os países envolvidos”. Finalmente, “nos casos em que outros países se recusem a assinar acordos administrativos [para aquele fim], a rejeição dos imigrantes “na fronteira germano-austríaca terá lugar com base num acordo com a República da Áustria”.

 

O acordo é viável?
Na medida em que, como diz o texto do acordo, seja possível concluir acordos de ‘reenvio’ dos imigrantes para os países onde deram entrada no espaço da União Europeia e foram, por isso, identificados. “Há muitas questões em aberto”, especialmente porque o plano de transferência de imigrantes aceite por Merkel para suspender a disputa com a CSU exige cooperação da Itália e da Áustria”, disse Holger Schmieding, da consultora Berenberg, em entrevista à Bloomberg TV. Ora, essa cooperação será, principalmente no caso de Itália, muito difícil de conseguir: o ministro do Interior italiano, Matteo Salvini, tem bloqueado a entrada no seu país de qualquer imigrante desde que tomou conta da pasta, há menos de um mês. A direita populista instalada no governo austríaco poderá igualmente estar pouco interessada no acordo.

 

O que diz o SPD sobre a matéria?

Os sociais-democratas do SPD, também parceiros da coligação que mantém o governo, não podiam deixar de ‘cavalgar’ a crise que se instalou depois de o ministro do Interior, Horst Seehofer, ter ameaçado fechar as fronteiras alemãs aos imigrantes. Ralf Stegner, vice-presidente do SPD, criticou a disputa da CDU-CSU, dizendo que causou “danos reais” e que “no final, só beneficiaram os populistas de direita”. “Um verdadeiro teatro”, disse Stegner. Os analistas dão-lhe razão: quem sai a ganhar desta disputa é a extrema-direita da AfD, que entrou no parlamento alemão pela primeira vez desde 1945 na sequência das eleições de setembro passado. De qualquer modo, o SPD já anteriormente, em 2015, tinha rejeitado a criação dos centros de acolhimento, pelo que os analistas afirmam que o acordo CDU-CSU não será do seu agrado. Mas, para já, nada indica que venham a provocar nova fissura no governo.

 

Como reagiram os mercados?

Segundo uma análise da responsabilidade do Commerzbank, “a taxa de câmbio euro-dólar subiu apenas ligeiramente, uma vez que quase não sofreu qualquer escalada anterior ao conflito. Mesmo no caso de uma rutura entre a CDU e a CSU, um novo governo federal não provocaria uma reviravolta nas políticas europeias”. Mas, diz aquela entidade, “tornou-se mais difícil formar novas alianças governamentais na Alemanha”, o que acaba por favorecer as franjas políticas à esquerda e à direita.

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