O que é a inclusão de ações classe A no MSCI?
O MSCI é uma empresa norte-americana que gere índice acionistas globais e decidiu incluir ações de 230 empresas denominados em moeda chinesa (yuan) nos índices Emerging Markets (EM) e All Country World. Estas ações, também conhecidas como classe A, negociavam até aqui apenas em índices asiáticos. A decisão foi tomada em junho do ano passado e vai ter efeito em duas fases: em junho e em setembro.
Porque é que é importante?
Os índices MSCI são uma referecia global: o índice EM tem 1,6 biliões de dólares em ativos associados. A estimativa dos analistas consultados pela agência Reuters estimam que a inclusão destas ações implique um fluxo inicial de 20 mil milhões de dólares, um valor que poderá disparar para 300 mil milhões quando o processo estiver concluído.
As ações classe A vão representar cerca de 0,73% do índice MSCI EM e 0,1% do MSCI All Country World Index. Os analistas antecipam que possa haver mais empresas, especialmente mid-cap, a entrarem nos índices MSCI e que estas venham a representar 18% dos MSCI EM.
Porquê agora?
Em 2013, a MSCI colocou as ações numa lista de revisão, mas rejeitou a inclusão referindo problemas como restrições de mobilidade de capital e incertezas relacionadas com impostos. Em 2015 e 2016, tomou a mesma decisão
Finalmente, em junho de 2017, o MSCI anunciou uma inclusão parcial este ano após uma quarta consulta com investidores globais, reconhecendo os esforços da China para reformar os mercados de capitais.
O que é que vai acontecer a seguir?
A MSCI anunciou que a inclusão adicional estará sujeita às medidas da China para desregulamentar os mercados de capitais, incluindo conceder a estrangeiros maior acessibilidade, progressos contínuos nas suspensões comerciais e relaxamento de restrições à criação de veículos de investimento indexados. A gestora irá continuar a acompanhar a situação e vai lançar uma consulta pública para solicitar feedback dos investidores.
Como é que investidores estrangeiros podem ter acesso a ações chinesas em yuan?
Os mercados da China não estão totalmente abertos a estrangeiros, mas há algumas formas de exposição. O esquema de Investidores Institucionais Estrangeiros Qualificados (QFII), criado em 2002, permite que certas instituições invistam diretamente em ações chinesas, através de um sistema de quotas.
A revisão de 2011 abriu a hipótese de subsidiárias de bancos e gestoras de ativos investirem através do levantamento de fundos em yuan, a partir de Hong Kong. Os canais Shanghai e Shenzhen Stock Connect são também dois programas de investimentos ligados a Hong Kong que dão acesso aos investidores a ações onshore e offshore. A quota diária de transações é de 13 mil milhões de dólares.
Quais as principais preocupações?
Há alguma preocupação entre os investidores globais de que os fluxos de capital de Hong Kong para a China através do esquema de stock connect na altura da inclusão do MSCI possa violar a quota diária, especialmente porque os fundos de gestão passiva terão de comprar ações dos novos constituintes para evitar erros de rastreio.
Além disso, alguns analistas apontaram para o pouco conhecimento internacional em relação às empresas chinesas e questões ligadas a corporate governance. Por último, as tensões entre a China e os EUA não são de desvalorizar, enquanto alguns investidores ainda estão traumatizados pelo crash dos mercados acionistas da China, em 2015.
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