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Respostas Rápidas. Portugal compra gás à Rússia? Como estão as reservas nacionais? Vai haver impacto nos preços?

A Rússia é o país que mais vende gás natural à União Europeia. Com a tensão a agudizar na fronteira com a Ucrânia, e as sanções impostas, quais os impactos para o gás em Portugal?
23 Fevereiro 2022, 18h10

Portugal compra gás à Rússia?

Sim, mas está longe de estar dependente destas exportações para abastecer as centrais produtoras de eletricidade a par de gás natural, mas também a indústria e as famílias. Entre os nove países a quem Portugal comprou gás natural em 2020, a Rússia ocupa a última posição, pesando apenas quase 7% no total de gás natural importado: 5,748 milhões de metros cúbicos normais (Nm3).

A Nigéria lidera este ranking (pesa 54%) com 3,1 milhões de Nm3, seguida dos Estados Unidos da América (16%) com 917 mil Nm3 e da Argélia com 522 mil, segundo os dados de 2020 da Direção-Geral de Energia (DGEG). O gás chega da Nigéria, Estados Unidos e Rússia através de navios metaneiros, é transformado em liquido para ser transportado – gás natural liquefeito (GNL) -, sendo devolvido ao estado gasoso quando chega ao país, através do porto de Sines.

Portugal importou assim em 2020 68.129 Gigawatts hora de gás natural no valor total de 1,02 mil milhões de euros.

E se Putin fechar a torneira e disparar a procura no mercado e os preços subirem? Portugal tem reservas de gás natural?

Sim. As reservas nacionais de gás encontram-se atualmente nos 81,55% (quantidade de gás/face à capacidade de armazenamento), num total de 2,9155 terawatt-hora (TWh), de uma capacidade total de 3,57 TWh, segundo os dados da Plataforma de Transparência GSE (AGSI+).

O país conta mesmo com as reservas mais altas, em percentagem, entre os 18 países europeus com armazenamento de gás. Segue-se a Suécia (66%), Espanha e Polónia (58% cada). Na União Europeia, a média ronda os 30%, com a Áustria na última posição: 18%.

A tensão nos mercados pode impactar os preços do gás natural em Portugal?

Existe essa possibilidade. O Governo já avisou que as subidas dos preços do gás natural nos mercados internacionais podem vir a ter impacto nos contratos para a indústria – que usa gás na sua produção.

“Quem está no mercado regulado [consumidores domésticos] não vai sentir esse aumento, mas sobretudo os produtores industriais, apesar do esforço que o Governo fez para que quase não tivesse havido aumentos, reconhecidamente têm contratos mais curtos e, portanto, esse risco [de aumento dos preços] existe”, disse hoje o ministro do Ambiente.

João Pedro Matos Fernandes acrescentou que “quem usa diretamente gás natural, vai sentir esse aumento porque é inevitável, Portugal não fixa esse preço, é o preço de uma matéria-prima”, fixada nos mercados, segundo a “Lusa”.

No mercado de referência na Europa, os preços do gás natural no mercado holandês (TTF Gas Futures) dispararam hoje 9,6% para 87,450 euros por megawatt hora (MWh), em termos dos futuros para o mês de março.

O gás neste mercado fechou a semana passada nos 73,762 euros por MWh, antes da tensão entre a Ucrânia e a Rússia agudizar, tendo subido mais de 19% desde então.

Qual o peso da Rússia no gás natural consumido na União Europeia?

A Rússia foi responsável por cerca de 40% do gás natural consumido na União Europeia em 2021, num total de 1.550 terawatts hora (TWh) através de gasodutos e 120 TWh via gás natural liquefeito (GNL) através de navios metaneiros. Depois da Rússia, a Noruega (22%) e a Argélia são quem mais exporta gás para a UE.

O país de Vladimir Putin envia gás natural para a Europa ocidental principalmente através de gasodutos: Nord Stream (pipeline marítimo através do Mar Báltico); Yamal (através da Polónia); através da Ucrânia; e através do Turquemenistão/Turquia.

 

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