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Respostas rápidas: qual é a polémica em torno da Fundação Serralves?

João Ribas, diretor artístico do Museu de Arte Contemporânea de Serralves, apresentou a sua demissão porque “já não tinha condições para continuar à frente da instituição”, depois da abertura da exposição de Robert Mapplethorpe.
27 Setembro 2018, 11h30

Que motivos levaram João Ribas a demitir-se do Museu de Arte Contemporânea de Serralves?

João Ribas  apresentou a demissão  no último sábado, 22 de setembro, dois dias após a inauguração da exposição do fotógrafo Robert Mapplethorpe, intitulada ‘Pictures’, com fotografias de nus, flores, retratos de artistas como Patti Smith ou Iggy Pop e imagens de cariz sexual.

A administração da Fundação terá limitado a maiores de 18 anos uma das salas da exposição – onde estavam expostas as imagens de cariz sexual – , já depois de João Ribas ter dito que nesta retrospetiva não haveria “censura, obras tapadas, salas especiais ou qualquer tipo de restrição a visitantes de acordo com a faixa etária”.

Porque foi exigida a demissão do conselho de administração?

No domingo, 23 de setembro, três dezenas de manifestantes pediram a demissão de Ana Pinho, e do restante conselho de administração da Fundação Serralves. Os signatários exigiam, face “aos últimos acontecimentos ocorridos em torno da exposição do fotógrafo Robert Mapplethorpe, que o conselho de administração “apresente a respetiva demissão ou, caso não se confirmem os factos expostos, procedam ao contraditório”.

“Não queremos uma Administração que censura, mente e coage. Não queremos um Museu que não assegura o Estado de direito democrático nem os direitos fundamentais dos cidadãos (…). Este Museu também é nosso”, afirmaram numa carta aberta enviada à agência “Lusa”.

O que diz o conselho de administração da Fundação Serralves?

A Fundação de Serralves mostrou-se surpreendida com o processo de contestação à presidente da instituição, Ana Pinho, e não vê motivos para a demissão da administração. Isabel Pires de Lima, referiu na altura à agência “Lusa”, que “é uma total surpresa e a manifestação é igualmente surpreendente” acrescentou, sublinhando que entre os manifestantes havia “várias pessoas que têm estado envolvidas na programação de Serralves” e “saberão que as atividades são programadas pelos programadores sem qualquer interferência da administração, nem na escolha da programação e muito menos na escolha das pessoas que são convocadas ou cujo o trabalho é solicitado”.

Num comunicado enviado no passado sábado, 22 de setembro, o conselho de administração da Fundação de Serralves afirmou que “não retirou nenhuma obra da exposição”, composta por 159 fotografias “todas elas escolhidas pelo curador”, João Ribas.

O que pensa a Fundação Mapplethorpe?

No último sábado, 22 de setembro, o presidente do conselho de administração da Fundação Mapplethorpe, Michael Ward Stout, afirmou que a demissão de João Ribas foi “completamente inapropriada e pouco profissional”, revelando ter ficado “chocado com a atitude”.

Como estão as posições de João Ribas e do conselho de administração?

Esta quarta-feira, 26 de setembro, durante a manhã, Ana Pinho, presidente da Fundação Serralves, em conferência de imprensa garantiu que o conselho de administração “não mandou retirar quaisquer obras da exposição” e que “todas as fotografias expostas foram escolhidas exclusivamente pelo curador”, João Ribas.

Das 179 obras que estavam anunciadas, foram expostas 159. Também na quarta-feira, João Ribas veio responder às palavras de Ana Pinho, afirmando que “as referidas interferências e restrições levaram a uma redução [do número de obras para 161]. O ex-diretor referiu ainda que procurou “manter a dignidade da exposição” e cumprir as suas funções “até ao limite”.

Qual o ponto da situação nesta altura?

Na quarta-feira, 26 de setembro, o presidente da câmara municipal do Porto, Rui Moreira, pediu uma antecipação da reunião do conselho de fundadores, mas o seu pedido foi rejeitado pelo presidente do órgão Luís Braga da Cruz, que referiu já estar agendada uma reunião para 5 e 7 de dezembro.

Rui Moreira, lamentou a posição de total pusilanimidade” de Luís Braga da Cruz, entendendo que este era o momento de os fundadores se pronunciarem, dado que “a credibilidade nacional e internacional de que Serralves sempre gozou está posta em causa”.

 

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