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Respostas Rápidas. Qual o grau de dependência do mundo do petróleo e do gás russo?

Os governos europeus estão, em conjunto, a elaborar estratégias para reduzir as compras de petróleo e gás vindos da Rússia, mas fazer o ‘desmame’ da dependência é um longo caminho e difícil.
13 Maio 2022, 14h07

A Finlândia foi avisada ​esta sexta-feira ​de que a Rússia poderá interromper o fornecimento de gás natural, na sequência de o país nórdico ter confirmado que vai avançar com um pedido de adesão à NATO.

O governo finlandês, consciente dos riscos na adesão à NATO, tinha contemplado um possível corte no fornecimento de gás proveniente da Rússia, ao dizer que o país estava “preparado”. No entanto, ainda que apenas 5% do consumo anual de energia do país dependa do gás, o corte poderá significar perdas significativas para a indústria, nomeadamente os sectores florestal, químico e alimentar.

Tal como a Finlândia, outros países do báltico e também da região das Balcãs dependem fortemente da energia russa. Os governos europeus estão, em conjunto, a elaborar estratégias para mitigar as consequências do embargo ao petróleo e gás vindos da Rússia, mas as consequências só poderão ser calculadas a longo prazo.

Que sanções foram aplicadas ao petróleo e gás russos?

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, anunciou uma proposta para que os países da UE fiquem proibidos de comprar petróleo russo após o final de 2022, abrindo exceções para a Hungria e a Eslováquia, cuja dependência é superior aos restantes países do bloco e que poderão continuar a importar energia russa até ao final de 2023.

Em março, a UE comprometeu-se a reduzir as importações de gás em dois terços no prazo de um ano. Já os EUA declararam uma proibição completa das importações russas de petróleo, gás e carvão, e o Reino Unido anunciou que vai eliminar gradualmente a compra de petróleo russo até o final do ano.

A UE importou cerca de 22 mil milhões de euros em combustíveis fósseis por mês da Rússia desde o início da guerra, com o aumento dos preços do petróleo e do gás, em comparação com uma média de 12 mil milhões de euros por mês em 2021.

Que ações tomou o Kremlin para interromper o fornecimento de gás e petróleo?

Apesar da invasão à Ucrânia, a Rússia continuou a fornecer uma grande quantidade de gás para vários países europeus. No entanto, após a aplicação de sanções económicas a Moscovo, o presidente russo, Vladimir Putin, anunciou que os países que classificou como “hostis”, teriam de pagar pelo gás na moeda russa. A estatal russa de energia Gazprom cortou o fornecimento à Polónia e à Bulgária e diz que não os reiniciará até que os pagamentos sejam feitos em rublos.

A UE considerou a ação da Rússia uma forma de chantagem. É esperado que outros países da UE enfrentem o mesmo problema, ainda que os pagamentos sejam efetuados indo ao encontro das exigências russas. Os pagamentos em rublos fortalecem a moeda russa e beneficiam a sua economia. Apesar das sanções, a Rússia quase duplicou os seus ganhos mensais com a venda de combustíveis fósseis para a UE.

Quais são os países mais dependentes do petróleo e gás russo?

A Rússia é o terceiro maior produtor mundial de petróleo, ultrapassado apenas pelos EUA e Arábia Saudita. Antes de ser visado com sanções, metade das exportações de Moscovo tinham como destino a Europa. Em 2020, Países Baixos e Alemanha foram as duas nações europeias que mais importaram petróleo russo por dia.

E qual a dependência do gás russo?

O gás natural da Rússia representou 45% das importações e quase 40% da procura de gás da União Europeia em 2021. Esse peso aumentou nos últimos anos, à medida que a produção doméstica de gás natural na Europa diminuiu. Itália e Alemanha são os países mais dependentes. O gás exportado chega à Europa através de vários gasodutos, é armazenado em centros e depois é distribuído por todo o continente.

Quais são as alternativas ao gás e petróleo russo?

Segundo analistas do mercado energético, consultados pela “BBC”, deverá ser mais fácil encontrar fornecedores alternativos de petróleo do que de gás. Alguns países, membros da Agência Internacional de Energia (IEA), produziram o equivalente a 120 milhões de barris de petróleo — número recorde. Um desses países foi os Estados Unidos que ordenou a utilização das reservas norte-americanas de petróleo numa tentativa de baixar o preço dos combustíveis.

Em relação ao gás, a Europa terá de recorrer aos exportadores de gás existentes, como o Catar, Argélia ou Nigéria, apesar de os obstáculos práticos para expandir a produção rapidamente possam condicionar o estabelecimento de uma cadeia de abastecimento alternativa. Até ao momento, os EUA concordaram em enviar mais 15 mil milhões de metros cúbicos de gás natural liquefeito (GNL) para a Europa até o final deste ano. A Europa também poderá aumentar o uso de outras fontes de energia, como a energia eólica.

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