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Respostas Rápidas. Regresso às aulas com falta de professores nas escolas. O que está em causa?

Faltam centenas de professores no arranque de mais um ano letivo, um problema que não é novo. Que números estão em causa? O Jornal Económico explica-lhe.
13 Setembro 2022, 17h24

O ano letivo 2022/2023 começou esta terça-feira para cerca de 1,3 milhões de alunos, mas o dia ficou marcado por um problema que se arrasta há vários anos: a falta de professores.

 

Que números estão em causa?

De acordo com dados do SIGRHE (Sistema Interativo de Gestão de Recursos Humanos da Educação) do Ministério da Educação (ME), nas escolas públicas, 676 vagas ficaram por preencher, um número correspondente a 9.654 horas letivas.

 

Em que zona do país há mais escassez de professores?

É nos distritos de Lisboa e Setúbal que mais de metade dos horários estão por preencher (59% das vagas); no distrito de Faro, há 9% de vagas disponíveis.

Apesar de nem todas as vagas corresponderem a horários de trabalho completos, é no do distrito de Lisboa que faltam mais professores: quase 300, mais concretamente.

 

Como é que a situação está a ser analisada?

Mário Nogueira, da Fenprof, disse hoje ao Jornal Económico que “a questão da falta de professores não se resolve ou disfarçando problemas”.

Arranque do novo ano letivo marcado pela falta de professores

“O senhor ministro dizia que havia 600 horários a preencher e estimamos que este número possa ser superior”, referiu.

“Normalmente à terça-feira é sempre o dia pior, ontem estavam 990 horários na plataforma de ofertas de escola dos quais 447 para grupos de recrutamento e depois os restantes para técnicas especiais. Isso significava que se hoje já houvesse aulas no país inteiro tínhamos 55 a 60 mil alunos sem os professores todos, mas o problema agrava-se na primeira e segunda semana”, frisou ainda Mário Nogueira.

 

Como explicar o problema?

O presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas, Filinto Lima, aponta para “um problema que é estrutural e que já tem muitos anos”.

“Algumas escolas já estão fazer o concurso de oferta de escola para resolver rapidamente aquilo que o sistema de colocação de professores não resolver porque já não há professores nalgumas regiões do país para alguns grupos disciplinares”, explicou em declarações ao JE.

 

Como é que o ministério precaveu a situação?

A diretora do agrupamento de escolas José Gomes Ferreira, Rosária Alves, lembrou em declarações à RTP que o “Ministério criou alguns mecanismos que aceleram a colocação de professores e que permitem ter uma expetativa positiva em relação à sua colocação”, acrescentando que, porém, trata-se “de um problema de fundo, um problema de carreira, de motivação”.

Poucos dias antes do início das aulas, o ministro da Educação fez um balanço positivo da colocação, estabelecendo uma comparação com números dos últimos dois anos.

Segundo João Costa, o número de horários por atribuir depois da segunda reserva de recrutamento não era tão baixo desde 2019, (uma descida de 50%), justificando esse resultado com medidas como a “possibilidade de os diretores recorrerem logo à contratação de escola sem passar pelas reservas de recrutamento na ausência de docentes disponíveis para preencher os horários ainda por ocupar, a renovação dos contratos anuais em horários completos e incompletos ou a redução das mobilidades estatutárias”.

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