O último ano e meio foi dominado por uma turbulência nunca antes vista na cadeia de abastecimento. Isto porque, embora se saiba há muito tempo que as pandemias representam um risco grande para a saúde e para as economias globais, em 2020  o mundo foi, na sua maioria, apanhado de surpresa quando a Covid-19 começou a passar fronteiras e a chegar aos quatro cantos do globo.

A Covid-19 e a saída do Reino Unido da União Europeia continuam a causar uma infinidade de problemas para as empresas, que sentem que este é um dos períodos mais difíceis da memória viva. Assim, a sua capacidade de absorver o stress, recuperar funcionalidades críticas e prosperar em circunstâncias imprevisíveis foi posta à prova.

Algumas empresas observaram uma queda rápida na procura, enquanto outras sofreram interrupções nas cadeias de abastecimento ou na disponibilidade de mão-de-obra. Eventualmente, seguir-se-á uma recuperação, mas a ritmos muito diferentes.

Neste momento, os países de todo o mundo começam a preparar-se para o regresso à normalidade e a par deste movimento é essencial que as empresas assegurem o planeamento do seu próprio recomeço. Se durante o último ano, grande parte do foco esteve na Covid-19 e no Brexit, as empresas não podem deixar agora que estas questões obscureçam as grandes mudanças que irão perdurar por mais tempo .

Uma das mudanças passa pelo comportamento do consumidor. Como tem sido muito mencionado no setor retalhista, a procura dos consumidores tem vindo a mudar desde há muitos anos e a Covid-19 apenas aumentou a velocidade  da mudança. O comércio online é talvez a maior questão que as cadeias de abastecimento precisam de controlar, já que, em comparação com os tradicionais “brick-and-mortar businesses”, este novo mundo permite que as coisas mudem a uma velocidade nunca antes vista e as empresas precisam de se adaptar.

A Covid-19 e o Brexit convenceram muitas empresas a racionalizar e simplificar as suas cadeias de abastecimento. Contudo, para garantir que as empresas conseguem acompanhar e satisfazer as inconstantes necessidades dos seus clientes, estas precisam de desenvolver uma gestão de inventário mais complexa e eficiente, o que requer uma excelente comunicação e planeamento com uma multiplicidade de fornecedores.

Mesmo as que, de alguma forma, já conseguiram ultrapassar os desafios destes eventos não podem ser complacentes. As mudanças a longo prazo têm de ser consideradas para assegurar que as cadeias de abastecimento estão prontas para reagir a eventos inesperados.

Assim, um dos primeiros passos deverá ser fazer um balanço: é crucial  olhar para os dados de que dispõe e analisá-los, especialmente durante períodos incertos. Incluir o custo das vendas através de diferentes canais, o custo das oportunidades perdidas e o custo adicional potencial de diversificação das suas cadeias de abastecimento é outro dos caminhos recomendados. Esta riqueza de informação pode revelar-se impagável no planeamento para o futuro.

Além da análise, uma das maiores recomendações é pensar localmente. No último ano, passou a fazer sentido encurtar as cadeias de abastecimento para ajudar a evitar riscos associados a questões globais, como a Covid, e desacordos internacionais, como o Brexit. No entanto, as cadeias de fornecimento locais oferecem muito mais do que a mera salvaguarda. Quanto mais próximos estão os produtos ou materiais do público, mais ágil se torna o processo. Uma cadeia de abastecimento local é mais capaz de lidar com as mudanças rápidas nos mercados e canais de venda que advêm de um mundo cada vez mais digital.

Assim, pensar local e analisar dados podem ser chaves para restaurar a normalidade da cadeia de abastecimento, uma área de negócio tão afetada pelos mais recentes fenómenos e acontecimentos internacionais.