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Resultados da noite eleitoral foram “previsíveis” e Marcelo demonstrou ser “campeão político”

Na opinião dos especialistas contactados pelo Jornal Económico, a noite eleitoral não teve grandes surpresas. Os votos da extrema direita sempre existiram, estavam apenas “adormecidos”. Os especialistas acreditam ainda que as televisões ajudaram os três principais candidatos a obterem os resultados que pretendiam nas urnas.
  • José Sena Goulão / Lusa
26 Janeiro 2021, 07h30

Marcelo Rebelo de Sousa foi reeleito com 60,70% dos votos. Em segundo e terceiro lugar ficaram Ana Gomes e André Ventura. O resultado do Presidente eleito não surpreendeu os especialistas contactados pelo Jornal Económico (JE), nem a ascensão da extrema direita de André Ventura.

Quanto aos resultados, o politólogo José Adelino Maltez considerou-os ao JE como “extremamente previsíveis” e apontou a capacidade de Marcelo compreender os portugueses. Para o politólogo, os dados obtidos na noite presidencial demonstram “claramente que o Presidente foi o único dos candidatos que percebeu uma coisa obvia: a maioria dos portugueses não é de esquerda nem de direita”.

José Adelino Maltez acredita que Marcelo Rebelo de Sousa conseguiu perceber que os portugueses votam “conforme as circunstâncias” e que foi “o campeão político” da noite.

“Ele pode gabar-se de ter metade dos votos da esquerda e metade dos votos da direita, só se ganha a maioria em Portugal quando se ultrapassa isso”, assegura José Adelino Maltez sublinhando esta ser “a parte saudável do debate, alguém que se apresenta com um programa com determinada identidade e que não qualifica como Deus ou o Diabo metade daqueles que votam nele”.

Quanto a André Ventura, que ficou em terceiro lugar com 11,9% dos votos, José Adelino Maltez defende que o “sectarismo foi punido”. O politólogo não se surpreendeu com a subida do candidato de extrema direita sendo que estes votos “sempre existiram”. “Estavam era envergonhados, adormecidos e estavam repartidos por outros partidos”, completa.

Televisões elegeram os três primeiros lugares nas presidenciais

Sobre Ana Gomes, José Adelino Maltez acredita que “a segunda classificada ganhou relevo porque faz comentários constantes no mundo da televisão. Ninguém existiu sem prévia ajuda dos meios de comunicação social dominantes”, o que na sua perspetiva demonstra que as “TV’s continuam controlar o país”.

Por sua vez, Paulo Morais defende a mesma ideia, a de que as televisões alavancaram as campanhas de Marcelo Rebelo de Sousa e André Ventura. “É evidente que Marcelo foi muito protegido, as televisões com ele ao colo e ele teve tempo televisivo seis vezes superior à maioria dos candidatos, o que quer dizer que beneficiou dessa manipulação”, disse o antigo candidato presidencial ao JE.

O mesmo argumento aplica-se a Ventura. “O próprio André Ventura foi ele próprio um produto televisivo, as televisões promoveram-no de uma forma encomiástica”. Na perspetiva de Paulo Morais, o PS também ajudou na subida de Ventura. “Quando André Ventura fala quem lhe responde é António Costa, Ferro Rodrigues, Ana Catarina Mendes, os PS fez questão dos últimos 12 meses de atribuir peso político exagerado a André Ventura”.

Votou em Ventura quem é radical e quem quis castigar Marcelo

“Ventura tem na minha opinião duas votações: um conjunto de pessoas com uma perspetiva muito radical e de antissistema e depois acho que houve um voto de natureza tática, de pessoas que normalmente não votariam nele, votariam normalmente em Marcelo Rebelo de Sousa”, apontou Francisco Costa e Seixas ao JE sublinhando que estes eleitores pretendiam “castigar Marcelo Rebelo de Sousa por não gostarem da sua postura face ao governo e outra por castigarem a liderança de Rui Rio”.

O antigo embaixador das Nações Unidas afirmou ainda que ficou “fiquei ligeiramente surpreendido com André Ventura porque pensei que tivesse menos votos, menos 1 ou 2%”. Ainda assim, destaca que sempre achou “que Ana Gomes ia ficar à frente de André ventura pensei é que seria com mais votos, subestimei a votação de André Ventura”.

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