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Retalho na zona euro sofre com a Ómicron em dezembro

Com a descoberta da variante Ómicron no final de dezembro, o retalho sofreu com a reintrodução de medidas restritivas e a menor propensão para o consumo pelas famílias. Estas restrições devem continuar a condicionar o indicador no início de 2022 e subida da inflação não ajuda.
4 Fevereiro 2022, 18h20

As vendas a retalho na zona euro caíram a um ritmo considerável em dezembro, recuando 3,0% em relação ao mês anterior, quando haviam crescido 1,0% em novembro. A queda era já esperada, dado o impacto da Ómicron no sector, mas superou as projeções dos analistas, que apontavam para um recuo de 0,5%.

Estes números espelham as restrições colocadas em vigor no final do ano passado, perante o ressurgimento da pandemia em força na Europa, à boleia da descoberta da variante Ómicron. Estas, explica a análise da Pantheon Macro, condicionaram a propensão para o consumo das famílias europeias, com o comércio online a não ser suficiente para compensar as perdas nas lojas físicas. O departamento de análise económica e financeira do ING destaca o impacto das economias onde as restrições foram mais severas, como a Alemanha ou os Países Baixos, no resultado final.

A evolução no último mês do ano significa que as vendas a retalho subiram apenas 0,3% no quarto trimestre de 2021, o que representa um abrandamento em relação aos 0,9% do período anterior. Por outro lado, a imposição destas medidas restritivas já no final do mês significa que os seus efeitos se prolongarão, provavelmente, para o início de 2022, pelo que uma recuperação forte na leitura de janeiro não é expectável.

Este resultado condiciona o consumo interno no bloco da moeda única, alerta o think-tank norte-americano, o que terá impactos no seu crescimento. Esta conclusão é fortalecida pelas prestações fracas de outras componentes do consumo, como as vendas automóveis ou os gastos em serviços, especialmente em sectores mais sensíveis às perturbações causadas pela pandemia, como o alojamento ou a restauração.

O banco ING reforça que o efeito da queda do retalho no consumo é conjugado com o fenómeno da inflação, que tem vindo a retirar poder de compra às famílias europeias. As subidas na energia têm-se refletido em preços mais altos na generalidade dos sectores, algo que não tem sido acompanhado de uma evolução nos salários, o que piora as perspetivas no que respeita aos gastos das famílias nos próximos meses, nota o departamento de análise económica e financeira do banco neerlandês.

Ainda assim, há aspetos positivos nestes dados, particularmente no que diz respeito ao emprego, que não sofreu quebras. Isto significa que os empregados do sector mantêm os seus rendimentos, o que ajudará ao consumo nos próximos meses. Acresce a isto a probabilidade de levantamento da generalidade das restrições em grande parte das economias europeias no segundo trimestre, o que resultará numa recuperação deste indicador nesse período, perspetivam a Pantheon.

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