[weglot_switcher]

Revisão das estimativas dos CTT custa 142 milhões de euros em bolsa

A revisão em baixa das receitas penalizou as ações. A empresa mantém a intenção de pagar um dividendo de 48 cêntimos por título, mas os analistas consideram que, no futuro, a distribuição de resultados pelos acionistas poderá ficar condicionada.
  • Rafael Marchante/Reuters
8 Fevereiro 2017, 15h22

O mercado reagiu mal à revisão em baixa das receitas dos CTT e, em quatro sessões, retirou 142 milhões de euros à capitalização da empresa

Há uma semana, após o fecho do mercado, os Correios anunciaram novas estimativas para 2016, nomeadamente uma redução de 4,2% do correio no quarto trimestre, que deverá levar a uma redução entre 4% e 5% dos rendimentos operacionais.
Na segunda-feira a reação em bolsa foi bastante negativa, com os investidores a castigarem os títulos da empresa. Desde então verificou-se uma verdadeira sangria com o título a tocar no valor mais baixo de sempre, levando a Comissões do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) a proibir a venda a descoberto (short selling). Apesar da recuperação na sessão de ontem esta não foi suficiente para evitar uma perda acumulada nas últimas quatro sessões de 142 milhões de euros.

“Trata-se de um desenvolvimento negativo para os CTT. De facto, as alterações em causa indicam um desempenho inferior ao anteriormente esperado para o ano de 2016, com implicações ao nível da rentabilidade. Adicionalmente, recordamos ainda que esta é a segunda revisão feita pelos CTT ao seu guidance inicial para este exercício, depois de a empresa ter anunciado uma anterior revisão em agosto de 2016 (no âmbito da apresentação de resultados do 2ºT16)”, adiantaram os analistas do Caixa BI numa nota de análise.

Apesar dos CTT terem mantido a intenção de pagar um dividendo de 0,48 euros, entre os analistas há quem coloque em causa a capacidade de distribuir resultados no futuro.

“Esta queda superior ao esperado coloca pressão sobre a manutenção do dividendo, sendo que os investidores, já perceberam que com este nível de resultados, a diminuição do dividendo torna-se praticamente incontornável a partir de 2018”, adiantou Pedro Lino, CEO da corretora Dif Brokers.

Segundo este analista, a entrada dos CTT no negócio bancário também acabou por penalizar a empresa: “Os CTT, desde que entraram no negócio bancário ficaram sobre pressão, uma vez que o negócio bancário sofreu alterações substanciais ao nível da regulação e requisitos de capital. Isto traduz-se em custos de estrutura mais elevados para uma rentabilidade duvidosa”.
Ainda assim,  “não obstante este novo negócio, os CTT não deixaram de ser um título cuja rentabilidade seja interessante. No entanto, por não existir uma estrutura acionista de mais longo prazo, por a partir de agora estar sujeita a aprovações por parte do Banco de Portugal para se superar 10% de capital, quando um investidor institucional quer sair do título tem um impacto substancial cotação”, acrescentou.

Os CTT apresentam resultados de 2016 a 9 de março.

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.