Depois de dois adiamentos, a fase de instrução do processo BES tem início esta terça-feira. Ricardo Salgado é o principal dos 30 arguidos, mas a falta de memória pode dificultar-lhe as explicações. A justiça deu como provado que Salgado tem Alzheimer, cujos primeiros sintomas surgiram há dois anos. Os exames médicos acabaram por indicar uma perda de faculdades físicas e cognitivas. A sua vida mudou significativamente, como conta a CNN Portugal nesta segunda-feira.
A estação teve acesso ao relatório social do ex-presidente do Banco Espírito Santo, no qual se diz que Salgado “viu os seus bens arrestados, incluindo a vivenda que habita, em zona nobre de Cascais, embora continue a usufruir e a sua pensão de reforma aproximadamente de 20 mil euros, da qual recebe apenas mil e duzentos euros.” Uma garantia deixada por Salgado aos assistentes sociais.
No entanto, o ex-banqueiro tem a colaboração de vários empregados, entre os quais estão um motorista, uma empregada doméstica e um personal trainer. Este último recomenda-lhe caminhadas perto da zona onde reside – são as únicas vezes em que ainda sai de casa, até porque naquela residência se costumam realizar reuniões de família. Fora isso, as interações com outras pessoas são agora mais limitadas para Ricardo Salgado. A vida social “ficou muito reduzida com os acontecimentos de 2014, com o afastamento de algumas pessoas do seu leque de relações”, transmite o mesmo relatório, citado pela CNN Portugal. Quanto a ajudas financeiras, Salgado conta com “o apoio da filha mais velha, que se manteve a viver na Suíça e que casou com o indivíduo descrito como abastado”, pode ler-se no documento.