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Roberto Almada “não defendeu os interesses” do BE-Madeira, acusa Paulino Ascensão

Candidato diz ter apoios suficientes para ganhar a coordenação do Bloco na Madeira e considera que o partido deve defender o seu programa próprio, medir a sua força e só depois pensar em negociar possíveis convergências.
20 Fevereiro 2018, 17h15

A disponibilidade manifestada recentemente pelo atual coordenador regional do BE em avançar para uma coligação à esquerda caso seja reeleito não surpreendeu a candidatura alternativa liderada por Paulino Ascensão segundo o qual  Roberto Almada “não defendeu os interesses” do Bloco nas últimas autárquicas.

“É natural que reproduza essa lógica para as Legislativas Regionais. Até seria natural que tivesse com vontade de fazer uma coligação pré-eleitoral. Penso inclusive que passou a defender uma candidatura própria antevendo que esse pudesse ser um ponto de discórdia com a candidatura alternativa e para tentar secar a candidatura alternativa”, afirma o deputado na Assembleia da República.

Em declarações proferidas ao Económico Madeira esta terça-feira, Paulino Ascensão acusa Almada de ter prejudicado o BE Madeira ao propor à  negociação da coordenadora, “na última hora quando não havia tempo para seguir outro caminho”,  um “acordo de submissão” à Coligação Confiança nas últimas eleições autárquicas.

“Os interesses do BE não foram salvaguardados. Se olharmos aos resultados em 2015 no Funchal, a relação de forças entre o BE e o PS foi de 1 para 2 e era essa a proporção da nossa participação nas listas. Ficou muito longe disso”, refere, acrescentando ainda que “os eleitos do BE ficaram integrados num grupo único com todos os partidos da coligação, sujeitos a uma disciplina de voto de acordo com os elementos do PS que são largamente maioritários”.

Para o parlamentar, é claro que o Bloco de Esquerda entrou numa espécie de “estado dormente” desde 2015, o que veio a se repercutir nas últimas eleições autárquicas.

“Quando se aparece nas vésperas das eleições, sem trabalho no terreno, os candidatos praticamente todos desconhecidos é isso que acontece”, critica o deputado.

O Bloco de Esquerda pode fazer muito mais na Madeira, diz Paulino Ascensão, “mas tem de organizar-se melhor, planear o trabalho definir prioridades e objetivos a atingir. Deve abrir-se a novos militantes, mas sem desconsiderar os mais antigos, cativar quadros qualificados”.

Para Paulino Ascensão, o BE tem de defender o seu programa próprio, com o objetivo de defender o seu programa de governo, eleger o máximo e, só depois dos resultados eleitorais, analisar a força do partido, a  disponibilidade dos potenciais parceiros para negociar e o que estão disponíveis a ceder.

Paulino diz ter apoios suficientes para  ganhar, entre eles a ‘histórica’ Guida Vieira
Num universo de 450 militantes, cerca de 300  deles ativos, o candidato rival de Roberto Almada na corrida à coordenação do BE Madeira diz ter “apoios suficientes para ganhar”.

“Agora é mobilizar as pessoas. Os militantes ativos serão à volta de 300. Não acredito que cheguem aos 200 os que vão participar nas eleições. O record foi 90 na eleição de delegados para a Convenção Nacional em 2014 mas, como estas eleições como são locais, a mobilização será maior”, declara.

Guida Vieira é um dos nomes a que apoia a candidatura de Paulino Ascensão. O Candidato diz também contar com o apoio de “boa parte da atual direção e dos candidatos a  presidentes de Câmara com exceção da Pontal Sol que apoia Roberto Almada e de Santa Cruz que é independente”.

O BE Madeira realiza a sua convenção regional no próximo dia 5 de Março. Sob o título ‘Bloco de Verdade’, a moção de Paulino Ascensão defende “um  partido a sério” que “valorize o coletivo não apenas quando quer justificar resultados eleitorais”.

A dinamização de estruturas e núcleos locais, a promoção de debates e a apresentação de “propostas consistentes e estudadas em benefício da Região” são alguns dos objetivos da candidatura que vai medir com forças com Roberto Almada, coordenador do BE-Madeira há cerca de 10 anos.

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