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Robustez da economia e lucros alinharam-se para ano “excecional”

Do hemisfério norte ao sul, as principais bolsas fecham o ano a somar valorizações. Wall Street lidera a corrida, com as tecnológicas em destaque. Na Europa, os países periféricos brilharam num momento positivo.
  • Reuters/Lucas Jackson
27 Dezembro 2017, 09h30

“No mercado acionista, 2017 foi um ano excepcional!”, avalia o diretor de negociações do Banco Carregosa, João Queiroz, que destaca “principalmente os países da periferia da Europa, como Itália, Espanha e Portugal”.

Num ano de valorizações para as ações europeias, os índices de referência de Lisboa e de Milão superaram a generalidade dos pares, a refletirem o reforço da confiança dos investidores na recuperação de Portugal e Itália depois da crise. Madrid preparava-se para igualar o feito, mas acabou por ser penalizado no último trimestre pela crise política na Catalunha, “mas quando este problema estiver ultrapassado, vai voltar a tendência”.

Apesar do bom momento para a Europa, “os EUA tiveram o melhor desempenho, com destaque para as FANG [Facebook, Amazon, Netflix e Alphabet] e outras tecnológicas”, afirmou Queiroz, sobre as cotadas do Nasdaq, índice que disparou quase 30% desde o início do ano.

Entre os países desenvolvidos, o diretor de negociações do Banco Carregosa explicou que as valorizações foram causadas por um conjunto de fatores macroeconómicos, com revisões em alta do crescimento económico e perspetivas, bem como melhorias nos índices de confiança.

“No contexto micro, ao nível das empresas, os programas de recompra de ações, resultados trimestrais que surpreenderam consecutivamente pela positiva, associados a questões como ganhos de eficiência foram positivos. Os custos das matérias-primas que continuam limitados também ajudaram”, referiu.

Entre os mercados emergentes, salta à vista o índice de Buenos Aires, que ganhou o lugar de bolsa que mais valorizou em todo o mundo. “A Argentina estará a descontar das negociações nos últimos dois a três anos. O Brasil está a crescer e teria mais espaço para recuperar, mas há eleições no próximo ano no país, o que cria alguma incerteza”, afirmou Queiroz, que avaliou o desempenho dos mercados emergentes tanto latinos como asiáticos “satisfatório”, ajudado pela recuperação de algumas matérias-primas, como metais não preciosos, de que é exemplo o cobre.

Na Ásia, destaca que a China “é sempre uma incerteza”. A desaceleração do crescimento económico, que se afastou este ano dos 7% esperados foi o principal fator de dúvida. No entanto, os índices de referência no país “têm conseguido ultrapassar” a questão.

No Japão, a política monetária expansionista de longa duração e um iene fraco levaram o Nikkei 225 a tocar os 23.000 pontos, o valor mais elevado em 25 anos.

A acompanhar as subidas dos preços das ações, o ano também ficou marcado pela baixa volatilidade, que traz vantagens, mas também riscos. O índice que mede o risco VIX está próximo de 9%, não longe dos mínimos de sempre (8%). Queiroz acredita “a volatilidade continua afastada dos mercados e enquanto houver elevada liquidez vai continuar a ser assim, o que permite ter mitigar a perceção de risco, mas que também pode camuflar situações complexas e levar emitentes a serem percecionados com risco abaixo do real”.

Esse risco associado à retirada gradual de políticas monetárias expansionistas por vários bancos centrais globais pode levar a alterações em 2018.

“É difícil haver tanto tempo de resultados favoráveis. Há um ponto em que começa a estagnar, que pode acontecer no primeiro, segundo ou terceiro trimestre do ano. Não sabemos…”

Artigo publicado na edição digital do Jornal Económico. Assine aqui para ter acesso aos nossos conteúdos em primeira mão.

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