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Rodoviária de Lisboa “vai deixar de ter títulos combinados com o Navegante”. E agora?

O fim do passe combinado trimodal ainda suscita algumas dúvidas sobre o que vai acontecer a partir de abril. Para um melhor entendimento, o Jornal Económico conversou com um responsável da Rodoviária de Lisboa que explicou a origem da decisão.
  • Foto cedida
25 Fevereiro 2017, 15h35

A Rodoviária de Lisboa (RL) decidiu findar o passe mensal combinado, uma colaboração da RL com a Carris e o Metropolitano de Lisboa (ML), através de um comunicado dirigido, a 8 de fevereiro, às duas últimas entidades afirmando que “vai deixar de ter títulos combinados com o Navegante”.

As atuais condições vão manter-se em vigor até ao dia 25 de março, mas persistem dúvidas sobre o que vai acontecer depois dessa data. O Jornal Económico conversou com um responsável da RL para perceber a origem da decisão e os eventuais impactos para os utentes e para a empresa.

Veja aqui as respostas:

O que influenciou a Rodoviária de Lisboa a terminar com o passe combinado trimodal?

No sistema tarifário na Área Metropolitana de Lisboa existem os chamados “passes sociais”, compostos por dois tipos de títulos de transporte: o passe intermodal e os passes combinados. São passes sociais porque têm preços sociais, ou seja, abaixo do preço que deveriam ter numa gestão equilibrada.

Por serem sociais estes títulos devem ser objeto de compensação por parte do Estado para com os operadores de transporte que os vendem com prejuízo. E até ao final de 2013 assim foi.

Contudo, desde o início de 2014, o Estado deixou de compensar os operadores pela venda dos passes combinados. Assim, desde há mais de 3 anos que a Rodoviária de Lisboa tem um prejuízo anual de mais de um milhão de euros pela venda do passe combinado trimodal, que agora termina. Por cada passe combinado que vende, a Rodoviária de Lisboa deveria receber do Estado cerca de seis euros. Mas nada recebe.

Trata-se de uma situação insustentável, daí a decisão de retirar o passe combinado com a Carris e com o Metro de Lisboa do universo dos títulos de transporte que disponibiliza aos seus clientes.

Estão a ponderar (ou já ponderaram) novos benefícios para os utentes?

O passe intermodal passa a ser válido em toda a rede da empresa. Os clientes têm assim no passe intermodal uma alternativa válida aos combinados, e com vantagens adicionais: simplificação do sistema de bilhética e valorização do título intermodal.

Existe alguma hipótese, previsão ou vontade por parte da Rodoviária de voltar a colaborar com a Carris e o ML?

A Rodoviária de Lisboa continua a vender aos seus clientes passes combinados só com a Carris ou só com o Metro de Lisboa. Devido à ausência de compensação dos passes combinados e – por uma questão estratégica – a valorização do intermodal e simplificação tarifária, não equacionamos voltar a ter um combinado trimodal.

Vai existir alguma alteração dos preços dos passes da Rodoviária?

Os preços não vão sofrer qualquer tipo de alteração. Se for um passe RL, o preço normal é de 36.60 euros. No caso de um passe combinado, dependendo do combinado pretendido, o preço normal varia entre os 45.10 euros e os 72.70 euros. Quanto ao passe intermodal os valores diferem entre os 36.65 euros e os 89.15 euros.

Quais são as projeções da Rodoviária para a partir do mês de abril?

A Rodoviária de Lisboa tem uma expetativa positiva no que se refere à evolução em 2017 do número dos seus clientes, e da utilização do sistema de transportes públicos em geral na área metropolitana de Lisboa.

A expetativa positiva existente na Empresa tem que ver com uma percepção cada vez maior por parte da generalidade dos utilizadores relativamente às vantagens do transporte público face ao transporte individual, designadamente ao nível da sustentabilidade ambiental (sustentabilidade das cidades e do país, redução de emissões de CO2 (dióxido de carbono), melhor ocupação de espaço público), ao nível económico (melhor qualidade de vida, maior produtividade laboral) e ao nível social (esbatimento das diferenças sociais, inclusão social).

Estes fatores aliados à qualidade de serviço oferecida pelo operador de transporte, levam a que o transporte público se constitua como uma verdadeira alternativa ao transporte individual, levando ao crescimento gradual dos passageiros do sistema.

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