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Roland Berger defende reprivatização da TAP e diz que faz sentido no grupo da Lufthansa

O presidente da Roland Berger, António Bernardo, aconselhou o Estado português a acelerar a reestruturação da TAP para efetuar a reprivatização da transportadora aérea portuguesa. As declarações foram feitas durante o webinar “Haverá retoma sem transporte aéreo?”, promovido pelo Jornal Económico e pela consultora em comunicação e estratégia BDC Empower to Lead.
17 Dezembro 2020, 11h10

A TAP “tem de ser rapidamente reestruturada, para depois ser privatizada e entrar em movimentos de consolidação”, defendeu o presidente da consultora estratégica internacional Roland Berger no Webinar “Haverá retoma sem transporte aéreo?”, promovido pelo Jornal Económico e pela consultora em comunicação e estratégia BDC Empower to Lead.

Sobre a entrada em movimentos de consolidação, António Bernardo considera que o sector da aviação apresenta importantes “economias de escala”, admitindo que “a TAP é demasiado pequena para ter uma rentabilidade aceitável”, reconhecendo assim que “a fusão ou compra de participação por uma grande companhia aérea deve ser o ponto de chegada”. Admitiu ainda que seria interessante a sua integração no grupo do gigante alemão Lufthansa, “que, aliás, já comprou várias companhias aéreas da dimensão da TAP”.

Em resposta à crise, “as companhias realizaram uma forte reestruturação, com as low cost melhor preparadas”, diz o presidente da Roland Berger, colocando as ultra low cost WIZZ e Ryanair no topo do indicador de liquidez relativo a março de 2019, respetivamente, com 178 e 170 dias de liquidez, seguidas pelo Grupo IAG, com 132 dias de liquidez, pela easyJet com 113 dias, pelo Grupo Air France-KLM com 81 dias de liquidez e pela Lufthansa, com 51 dias de liquidez.

No indicador do CASK – Cost of Available Seat-Kilometer ex-fuel, quantificado em cêntimos de euro e relativo a 2019, as ultra low cost WIZZ e Ryanair a presentam o custo mais baixo de CASK ex-fuel. Ambas com 2 cêntimos, seguida pela easyJet com 4 cêntimos, pelo Grupo IAG com 5 cêntimos, pela Lufthansa com 6 cêntimos e pela Air France-KLM, que apresenta o CASK ex-fuel mais elevado, com 7 cêntimos, segundo os dados apresentados pela Roland Berger.

As companhias tradicionais estão a utilizar o apoio dos Estados na reestruturação, mas a sua saída da crise está a ser mais lenta que no caso das low cost. Entre os exemplos de medidas de reestruturação a Roland Berger refere o caso do Grupo Air France-KLM, que reduziu 16% do efetivo da Air France, o que corresponde a menos 7380 trabalhadores, e reduziu 5000 trabalhadores na KLM, acompanhado pela redução de horas de trabalho e do congelamento salarial, além de uma redução de 40% da respetiva frota de aeronaves.

No caso da Lufthansa, o corte foi de 22 mil trabalhadores, mais uma redução de 45% do salário dos pilotos durante dois anos e uma frota com menos 150 aviões, num total de 763. No Grupo IAG, foram reduzidos 12 mil trabalhadores na British Airways, aplicando 20% de redução do salário dos pilotos e 15% de redução no pessoal de navegação, e a frota foi reduzida em 55 aviões num total de 570, distribuídos entre 32 Boeing 747 da British Airways e 15 A340 da Iberia.

Na comparação entre low cost e companhias aéreas tradicionais, no terceiro trimestre de 2020, o resultado operacional e a margem operacional em percentagem das vendas foi positivo na Ryanair, enquanto que a generalidade das restantes companhias apresentaram os mesmo indicadores negativos, segundo a Roland Berger, citando dados da Capa – Center for Aviation.

Sobre a TAP, António Bernardo refere que “foi especialmente atingida pela crise, mais do que outras companhias aéreas europeias”. Nesta conjuntura, o tráfego de passageiros (numa escala em milhões de passageiros) nos aeroportos nacionais foi zero em abril de 2020, e apenas 0,1 em maio, 0,3 em junho, 1,3 em julho, 2,3 em agosto (correspondente a menos 64,6% que em igual mês de 2019), 1,9 em setembro (menos 69,5% em termos homólogos) e 1,5 em outubro (menos 74,2% homólogos).

A Roland Berger refere que na variação homóloga de passageiros nos aeroportos nacionais, no período de agosto a outubro de 2020, comparativamente com igual período de 2019, a TAP registou uma queda de 79%, a Ryanair caiu 64%, a easyJet caiu 58%, a Transavia caiu 42%, a Air France-KLM caiu 39% e a Lufthansa caiu 52%.

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