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#RonaldoNoSporting. E se correr bem? Quatro fatores que jogam a favor do “leão”

De vários pontos de vista, a missão de fazer regressar um dos melhores futebolistas do mundo ao Sporting CP e à Liga portuguesa é monstruosa. No entanto, existem alguns fatores que podem tornar possível aquilo que à partida parecia improvável.
29 Julho 2022, 13h59

A novela Cristiano Ronaldo ganhou novos desenvolvimentos nos últimos dias e com o Sporting CP na equação sob a forma de hashtag. O astro português fecha a porta à continuidade no Manchester United (clube com o qual tem mais um ano de contrato) e não quer um clube qualquer: quer ir para um emblema que possa jogar a Liga dos Campeões esta época.

Perante o impasse que se instalou entre o jogador e os dirigentes do emblema inglês, há uma solução que parece desenhar-se à medida que outros clubes vão fechando a porta ao português: o clube que formou Cristiano Ronaldo. A missão de fazer regressar um dos melhores futebolistas do mundo ao Sporting CP e à Liga é monstruosa, mas existem alguns fatores que podem tornar possível aquilo que à partida parecia improvável. Como perguntou Ruben Amorim no momento em que assinou pelo Sporting CP: “E se correr bem?”.

Quem paga o ordenado?

De acordo com os últimos relatos, existem duas possibilidades em cima da mesa: o Manchester United empresta Cristiano Ronaldo e o português terá que estender o seu contrato por mais uma época (ficaria vinculado até à temporada 2023/24) ou as duas partes negoceiam a rescisão de contrato que poderá garantir ao craque português ficar livre para decidir o seu destino.

Para se ter uma ideia do que implica garantir a contratação de Cristiano Ronaldo, recorde-se que o português tem um ordenado de 29 milhões de euros por época, perto de 560 mil euros semanais, algo que está absolutamente fora das possibilidades de qualquer emblema nacional. Há umas semanas, foi notícia que Jorge Mendes terá feito saber aos clubes potencialmente interessados que Cristiano Ronaldo estaria na disposição de abdicar de 30% do ordenado que aufere atualmente. Naturalmente, não seria esse corte que daria mais esperanças ao Sporting CP de poder rivalizar com os grandes (e endinheirados) emblemas europeus.

Por outro lado, a direção da Sporting SAD tem vindo a “limpar” a folha salarial nesta pré-temporada com a venda/rescisão de contratos/empréstimos de jogadores que pesavam nas obrigações mensais do Sporting CP. É o caso de Renan Ribeiro, Andraz Sporar, Rodrigo Batagglia, Rafael Camacho e Ruben Vinagre, sendo que ainda estão por resolver casos como o de Islam Slimani, Jovane Cabral, Idrissa Doumbia e Eduardo Henrique. Naturalmente, não será esta limpeza que dará para acomodar o ordenado de Cristiano Ronaldo, mas poderá garantir à Sporting SAD condições para oferecer ao futebolista um ordenado um pouco acima do teto salarial dos “leões”: um milhão de euros livres de impostos.

Além disso, há outra fator que deve ser tido em conta: Cristiano Ronaldo deixou Portugal na época 2002/03 o que significa que um eventual contrato que faça em território português permite-lhe o acesso ao programa Regressar, que possibilita que os emigrantes só paguem IRS sobre 50% dos rendimentos, algo que já foi feito com futebolistas como Pepe, Ricardo Quaresma e João Mário entre outros.

Amorim precisa de um avançado

Até poderia acontecer que o Sporting tivesse o leque de avançados centro perfeitamente preenchido e que Amorim estivesse plenamente satisfeito com as soluções para essa posição mas até esse fator joga a favor dos “leões”. Apesar de Ruben Amorim estar bem servido de extremos criativos, a posição 9 está deficitária e conta apenas com Paulinho (já que Islam Slimani não entra nas contas para a nova época).

Tem-se falado com insistência que o técnico quer uma alternativa ao antigo ponta de lança do SC Braga, tal como acontece para todas as outras posições do plantel. Na pré-temporada, o técnico testou dois jovens (Youssef Chermiti e Rodrigo Ribeiro) mas nenhum deles parece, pelo menos para já, encher as medidas ao treinador. Logo, vai ser preciso um goleador que tenha capacidade também de pôr em sentido os defesas adversários. À medida que a idade avança, Ronaldo parece mais talhado para esse papel, algo que acontece na Seleção.

Gestão do balneário

Esta tem sido uma questão fulcral para se apontar um fator que desencoraje o Sporting a avançar para Cristiano Ronaldo: que efeito teria o português no balneário liderado por Ruben Amorim? A questão é pertinente: um jogador com o peso do português nunca será apenas mais um para ajudar o grupo de trabalho, uma expressão que entrou na gíria de alguns reforços.

De forma natural, seria reconhecido o enorme peso que Ronaldo passaria a ter no balneário e o segredo iria passar pela forma como Amorim iria enquadrar um futebolista desta dimensão e que, na medida do possível, este novo elemento não quebrasse a dinâmica que o jovem técnico português tem vindo a instituir desde que chegou ao clube: todos a remar para o mesmo lado.

E já se sabe que do ponto de vista da capacidade de trabalho e de ser um exemplo de entrega dos treinos, Ronaldo seria tudo menos um problema para Amorim. Veja-se o caso de Pablo Sarabia, por exemplo. Dirá o leitor e com razão: Sarabia não é Ronaldo! Mas a verdade é que o avançado é um bom exemplo de um futebolista que apesar da experiência (30 anos) e de estar habituado aos grandes palcos internacionais (seja pelos clubes ou pela seleção espanhola) foi um ativo gerido de forma exemplar por Ruben Amorim na época em que esteve ao serviço do Sporting CP. Se foi possível com Sarabia, seria de todo impossível com Ronaldo?

O “sete” a ficar disponível…

O sete é um número muito especial em Alvalade e como acontece em todos os clubes, existe sempre alguma superstição à volta de um número de camisola. É o caso da camisola “7” no Sporting CP que é também o número preferencial de Cristiano Ronaldo em todos os clubes por onde passou (menos nos “leões” onde era o “28” antes de sair para o Manchester United).

Apesar de alguns jogadores de boa memória para os sportinguistas terem envergado esta camisola, lesões crónicas, empréstimos falhados, problemas disciplinares e questões extra futebol marcaram a maldição da camisola “7”. De momento, este número é do avançado brasileiro Bruno Tabata que é um dos jogadores do Sporting com mais mercado neste mercado de transferências. Pelas últimas indicações, Tabata poderá estar mesmo prestes a deixar Alvalade para rumar ao Brasil. E assim, vaga a camisola “7” e um lugar na frente de ataque às ordens de Ruben Amorim.

… e o potencial incrível na venda de camisolas

Há pouco menos de um ano, Cristiano Ronaldo batia mais um recorde em Manchester. Com o United mergulhado na euforia do regresso de português ao clube, os adeptos correram desenfreadamente às lojas para comprar a camisola “7”.

Nunca a Premier League tinha vendido tantas camisolas de um reforço desta Liga. Em apenas 72 horas, as vendas da nova camisola 7 dos ‘red devils’ renderam quase 79,4 milhões de euros, de acordo com números avançados pelo site LovetheSales.com, que reúne dados de cerca de mil retalhistas online britânicos.

Em setembro de 2021, o Manchester United já tinha arrecadado uma comissão de 8 milhões de euros na venda destes equipamentos, o que significa que em 72 horas, o clube de Old Trafford foi ressarcido em mais de metade do valor investido em Cristiano Ronaldo (15 milhões de euros). Salvo as devidas diferenças, até pela visibilidade incomparável da Premier League, o potencial de levar o merchandising do Sporting CP para valores nunca vistos.

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