Depois da limitação dos aumentos das pensões de janeiro, a presidente da direção da Associação de Aposentados, Pensionistas e Reformados (APRe!) exige subidas intercalares em 2023. Rosário Gama atira ainda, criticando o Governo, que a lei não pode ser usada apenas quando prejudica os pensionistas.
O ano de 2022 acabou de terminar. Que balanço faz, na perspectiva dos pensionistas?
Diversos acontecimentos perturbaram muito a vida dos pensionistas. A pandemia trouxe grandes alterações do ponto de vista social, agravando as situações, já de si difíceis, do isolamento e da solidão. Outro fator de perturbação foi a guerra na Ucrânia, com as respectivas
consequências psicológicas e económicas, como a inflação, que corrói a estabilidade das pessoas reformadas e das suas famílias. [Além disso], em setembro, os pensionistas foram surpreendidos pelo mecanismo que o Governo [usou] para não ter de pagar os aumentos das pensões previstos na lei [para 2023]. Muitos pensionistas sentiram-se enganados.
O Governo fez o suficiente para apoiar os pensionistas?
Não fez o suficiente. O “bónus” da meia pensão foi insuficiente para responder à subida galopante da inflação. Assistimos ao aumento dos
lucros das empresas que controlam e disputam entre si os mercados da distribuição, mas também ao aumento de lucros por parte de retalhistas sem escrúpulos, sem que tenha havido uma suficiente fiscalização. A subida de preços da eletricidade e do gás, sem que
haja qualquer apoio para as pessoas mais vulneráveis, vai transformar este Inverno num dramático “enregelamento” de quem não pode usufruir de uma fonte de calor para se aquecer. Ao anunciar, com muita frequência, as vantagens da adesão à tarifa regulada do
gás e da eletricidade, competiria ao Governo e às autarquias disponibilizarem, nas lojas e nos espaços Cidadão, meios humanos para
apoiarem as pessoas mais velhas nestes procedimentos de transição.
Leia o artigo na íntegra no caderno NOVO Economia, publicado com a edição impressa do Semanário NOVO.