[weglot_switcher]

Rui Barreto: “Eu quero um partido que valorize os melhores”

O CDS-PP Madeira realiza o congresso este fim-de-semana, onde Rui Barreto será reconduzido para mais um mandato como líder. Serão debatidas uma moção global e seis sectoriais.
24 Junho 2022, 12h05

O atual líder do CDS-PP Madeira, Rui Barreto, será reconduzido para mais um mandato na liderança, este fim-de-semana, durante o congresso dos centristas madeirenses. No plano regional admite uma coligação pré-eleitoral com o PSD, para as regionais, e diz que não se vai preocupar com lugares, e que o projeto de coligação terá forçosamente de se basear em conteúdos programáticos. O centrista diz ainda que quer um partido que valorize os melhores, daí o convite a Dinarte Fernandes e Teófilo Cunha para integrarem a comissão política.

Tudo aponta para que PSD e CDS-PP apresentem lista conjunta às regionais. que reivindicações é que o CDS-PP terá junto do PSD relativamente à distribuição das listas?

Não me preocupei com lugares em 2019, nem me preocupo com lugares em 2022. Um projeto de coligação tem, forçosamente, de basear-se em conteúdos programáticos e o acordo procurará materializá-los.

Para a comissão política convidou Dinarte Fernandes e Teófilo Cunha. Que sinal quer passar com a integração de um presidente de Câmara e de um secretário regional na comissão política?

Eu quero um partido que valorize os melhores e o Teófilo e o Dinarte são dos melhores que o CDS-PP tem. O Teófilo Cunha tem sido um excelente membro do Governo Regional e o seu trabalho ficará por muito tempo. Foi um extraordinário presidente de Câmara. O Dinarte ganhou as eleições para a Câmara Municipal de Santana com maioria absoluta e está a dar continuidade ao trabalho do seu antecessor, imprimindo, como é óbvio, o seu cunho pessoal. Se procura um sinal neste convite, o sinal é um e inequívoco: quero um partido que premeie os melhores.

Este mandato está integrado num contexto com vários desafios, entre os quais económicos. Entre eles, mas não só, estão a inflação que tem feito disparar os custos de vários produtos e também a subida nos custos da energia. Que medidas é que defende para fazer face a este contexto?

Em primeiro lugar, temos de perceber que a crise é global e nesse sentido e estando integrada na economia global, a Madeira depende, também, das respostas globais. Posto isto, eu acrescentaria que o Governo Regional agiu rapidamente numa primeira fase, a fase de emergência, dando resposta a necessidades de tesouraria das empresas e segurando emprego. Todos os indicadores económicos mostram que a taxa de desemprego é baixa mostrando também, por exemplo, que existem mais empresas a abrir do que a fechar. Após a emergência que, esperemos, não se repita, o Governo prosseguiu no seu trabalho de diversificação da economia da Madeira, apostando em tornar a região um espaço de atração de empresas e de profissionais inovadores e criativos, de que é exemplo o projeto dos nómadas digitais, de que são exemplos os diversos projetos da StartUp Madeira, mas apostando também no cabo submarino que vem melhorar substancialmente os serviços de comunicação de dados na Madeira.

Prosseguiu ainda um excelente trabalho de promoção turística da região, tendo valorizado o destino e encontrado novas rotas, novas companhias, o que permite que, este ano, possamos ter um dos melhores anos turísticos de sempre; continuou a apostar no Centro Internacional de Negócios, contrariando o governo nacional que, mais uma vez, atrasou o processo de registo de novas empresas; na energia, estamos a avançar com um projeto de modernização de todo o setor, abrindo-o aos privados, apostando nas energias verdes, algo que se vai traduzir, a médio prazo, numa diminuição de custos. Apostamos na mobilidade elétrica, dando apoios muito superiores àqueles que são dados no continente.

Estamos empenhados em alterar e melhorar a rede de transportes públicos interurbanos, através de um concurso internacional em fase de conclusão, o que potenciará a mobilidade em toda a Madeira e também no Porto Santo, algo que, associado à extensão das verbas do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) para a habitação em todos os concelhos, deverá contribuir decisivamente para mudar a organização territorial na ilha, fixando pessoas em municípios menos povoados. Estamos, como sabemos, numa fase em que ainda se aguarda a definição final daquilo que será o próximo quadro comunitário de apoio e quando esse trabalho estiver concluído, trabalharemos, também na Madeira, para potenciar a diversificação da economia, sem esquecer os setores tradicionais e geradores de emprego. Aquilo que estamos a fazer é estrutural. Não nos limitamos a atirar subsídios para a economia, procuramos transformar a economia da Madeira.

O CDS-PP tem-se apresentado coligado com o PSD desde que assumiu a governação na região. Mas nas autárquicas em alguns concelhos optou por ir sozinho. Isso resultou na manutenção do poder em Santana mas também na perda de representação na vereação em Câmara  de Lobos e na Calheta. Essa perda de representação em Câmara de Lobos e na Calheta causa motivo de preocupação?

Os principais objetivos do CDS-PP, para as eleições autárquicas, foram amplamente conseguidos. Aumentámos o número de autarcas e, sobretudo, temos mais autarcas em executivos; contribuímos decisivamente para a vitória na Câmara Municipal do Funchal; voltamos a vencer Santana e com maioria absoluta. Quanto à Calheta e a Câmara de Lobos, as causas são diferentes. No caso da Calheta, o CDS-PP deve procurar continuar a trabalhar para ganhar, novamente, a confiança das populações. Deve trabalhar no terreno. Admito que houve algum cansaço em relação a algumas figuras do partido, algo que é natural. Só se recupera a confiança estando no terreno. Em Câmara de Lobos, todos os partidos perderam terreno face ao PSD. É um caso em que se nota empatia entre a população e a atual vereação. O CDS-PP não desistiu, no entanto, de lutar a mostrar as suas posições. Seja como for, em ambos os casos, na Calheta e em Câmara de Lobos, o CDS-PP apresentou os melhores candidatos que tinha. Se eu voltasse atrás, manteria exatamente os mesmos candidatos. A título de exemplo, o Amílcar Figueira, candidato em Câmara de Lobos, foi por mim convidado para ser secretário-geral do CDS-PP Madeira e, para minha satisfação, aceitou o convite.

Essa perda de representatividade nesses dois concelhos no seu entender pode ser sinal de erosão do partido na região tal como está a acontecer a nível nacional?

Os principais objetivos do CDS-PP Madeira, nas eleições autárquicas, foram conseguidos, conforme demonstrei. Repito: aumentámos a representatividade; fomos decisivos para recuperar a Câmara Municipal do Funchal; vencemos Santana e com maioria absoluta. Não me parece pouco.

Que papel é que a integração do CDS-PP Madeira numa coligação com o PSD tem tido na afirmação do CDS-PP Madeira?

Como já disse e escrevi, a afirmação de um partido faz-se através do exercício do poder, pois é a única forma que tem para materializar as suas ideias e a sua visão para as comunidades. Estando no poder e exercendo-o bem, afirmamos o CDS-PP Madeira, como nunca antes. Estou plenamente convencido de que estamos a exercer, bem, o poder que nos foi conferido.

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.