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Rui Rio considera “censurável” que Novo Banco já conheça a auditoria

Depois de ter referido que a auditoria continha mais informações sobre o Banco Espírito Santo, Rui Rio estranhou o Novo Banco ter informações sobre o documento elaborado pela Deloitte, tendo em conta que os deputados não tiveram acesso a todos os dados
2 Setembro 2020, 10h04

O presidente do PSD Rui Rio considera que é “censurável” que o Novo Banco  já conheça a auditoria realizada pela Deloitte, enquanto que os deputados ainda não acederam ao documento.

“Se a auditoria ainda não é do conhecimento de ninguém, nem sequer dos próprios deputados, legítimos representantes dos que estão a pagar esta fatura indecente, é censurável que o Novo Banco já a conheça e estranho que, de imediato, consiga enaltecer que ela vem em seu socorro”, escreveu Rui Rio.

Sobre a informação que consta no documento a que os deputados tiveram acesso esta terça-feira, o líder social democrata referiu na terça-feira que a auditoria continha mais dados sobre o “BES [Banco Espírito Santo] do que do Novo Banco”.

“A auditoria [da Deloitte] ainda não conheço, mas acho estranho que se fale mais do BES [Banco Espírito Santo] do que do Novo Banco, porque agora o que está em cima da mesa para nós pagarmos é o Novo Banco. O BES já está pago e entregue à justiça”, sublinhou Rui Rio depois da sua visita ao hospital São João.

Rui Rio acredita que “mais informação sobre o BES não é mau, mas não é neste momento aquilo que é premente”, mas recorda que “sobre o BES já todos sabemos a desgraça que foi e pagámos a fatura que pagámos e, inclusive, há já uma acusação formulada pelo Ministério Público que agora segue a sua tramitação normal e que irá acabar, naturalmente com o julgamento”.

Para o líder do PSD, falta apurar se a partir do momento em que o Novo Banco foi vendido à Lone Star em 2017, o dinheiro que os contribuintes têm pago para o Novo Banco “está correto”.

A auditoria aos atos de gestão dos últimos 18 anos do BES/Novo Banco analisa operações que geraram perdas de quatro mil milhões de euros, segundo anunciou o Ministério das Finanças na terça-feira.

Por sua vez, o Novo Banco disse na terça-feira, em comunicado, que já “tomou conhecimento do relatório” e sublinhou que “o documento final transmite a clareza e colaboração em que decorreu o processo de análise e confirma a forma transparente e competitiva com que o Novo Banco tem vindo a recuperar o seu balanço”.

Para o Novo Banco o relatório “evidencia que as perdas incorridas pelo Novo Banco decorreram fundamentalmente de exposições a ativos que tiveram origem no período de atividade do Banco Espírito Santo e que foram transferidos para o Novo Banco no âmbito da resolução”.

Na terça-feira, o Jornal Económico tinha avançado com a notícia que a auditoria feita pela Deloittte tinha entrado na Assembleia da República como documento “classificado” e algumas informações seriam excluídas à semelhança de outro tipo de relatórios que tem acesso condicionado e foram igualmente amputados de informação.

A ausência de informação foi igualmente enaltecida pela deputada do Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua que sublinhou a necessidade de “a Assembleia da República tem de ter todos os dados para poder analisar o que se passou no BES e Novo Banco incluindo nomes de empresas, nomes de devedores e de empresas que já tiveram as operações reestruturadas e perdoadas”. De forma a contornar o problema o Bloco de Esquerda requereu ao Governo a versão completa do documento.

Da mesma forma, o PAN também pediu que o Governo divulgasse a versão completa da auditoria e pediu que fossem apuradas todas as responsabilidades políticas pelos atos de gestão pelo Novo Banco que “lesaram o erário público”.

 

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