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Rumores sobre renúncia de Papa Francisco aumentam (com áudio)

Apesar de Francisco não ter dado sinais de querer abandonar o cargo, os meios de comunicação baseiam-se nos problemas de saúde que o obrigam a andar de cadeira de rodas, em visitas simbólicas e em assembleias de bispos com timings intrigantes.
6 Junho 2022, 12h00

Os rumores de que o papa Francisco vai renunciar têm crescido depois de, numa altura em que já aparece em público de cadeira de rodas, anunciar que vai visitar em agosto a cidade italiana de L’Aquila para celebrar missa na basílica que abriga o túmulo do papa Celestino V, um dos poucos pontífices que renunciou antes de Bento XVI, segundo a “National Public Radio”.

Esta semana, um dos seus conselheiros e amigos mais próximos, o cardeal Oscar Rodriguez Maradiaga, disse que as conversas sobre uma renúncia papal ou o fim do pontificado de Francisco são infundadas. “Acho que são ilusões de ótica, ilusões cerebrais”, afirmou ao “Religion Digital”.

Embora sem fontes, os meios de comunicação italianos estão cheios de especulações de que Francisco, com 85 anos, pode estar a planear seguir os passos de Bento XVI, tendo em conta os seus crescentes problemas de mobilidade. Os rumores ganharam força na semana passada, quando o papa anunciou um consistório para criar 21 novos cardeais agendado para 27 de agosto. Dezasseis desses cardeais têm menos de 80 anos e são elegíveis para votar em um conclave para eleger o seu sucessor.

E o timing é relevante: tipicamente período de férias, escolher agosto para criar novos cardeais e reunir clérigos para dois dias de conversas sobre a implementação da sua reforma e fazer uma visita pastoral simbólica sugere que Francisco pode ter matérias fora do comum em mente.

Em 2009, Bento XVI visitou L’Aquila, depois de ter sido sido devastada por um terramoto, e rezou no túmulo de Celestine. Ninguém na época avaliou o significado do gesto. Quatro anos depois, em 2013, renunciou, alegando que não tinha mais força de corpo e mente para continuar as suas funções.

Francisco elogiou a decisão do seu antecessor de se aposentar, defendendo que “abriu a porta” para futuros papas fazerem o mesmo. Com um mandato reformista, inicialmente previsto para entre dois a cinco anos, soma agora nove. Mesmo assim, com a sua principal tarefa como pontífice, de certa forma, cumprida, não tem dado sinais de que quer deixar o cargo e ainda tem grandes projetos no horizonte: além das próximas viagens ainda este ano ao Congo, Sudão do Sul, Canadá e Cazaquistão, agendou para 2023 uma grande assembleia de bispos do mundo para debater a crescente descentralização da Igreja Católica, bem como a implementação contínua das suas reformas.

Mas o papa foi prejudicado pelos ligamentos no joelho direito que tornaram caminhar um processo doloroso e difícil, segundo a “NPR”. Mas, de acordo com o que disse a amigos, Francisco não se quer submeter a cirurgia, alegadamente por causa da reação à anestesia em julho passado, quando teve de retirar 33 centímetros do intestino grosso.

O historiador da Igreja Católica Christopher Bellitto, da Universidade Kean, indicou que a maioria dos observadores do Vaticano espera que Francisco renuncie, mas não antes da morte de Bento, de 95 anos, que está fisicamente frágil, mas ainda alerta e com visitantes ocasionais na sua casa nos jardins do Vaticano. “Ele não terá dois ex-papas por aí”, disse à  “NPR”.

Questionado sobre a visita a L’Aquila, sugeriu menos especulação, observando que o gesto de Bento XVI em 2009 foi esquecido por quase todos. “Não me lembro de na época se dizer que a sua visita indicava uma renúnica”, disse, sugerindo que a visita de Francisco a l’Aquila pode ser apenas isso: uma visita.

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