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Rússia: Alexei Navalny sentenciado a três anos e meio de prisão

Os apoiantes do líder da oposição russa apelaram a que a população saia às ruas para contestar a decisão, apesar da forte repressão aplicada pelas forças de segurança. O Kremlin continua a rejeitar qualquer envolvimento no envenenamento do político e pede ao Ocidente que não interfira.
3 Fevereiro 2021, 12h45

Alexei Navalny, a principal figura da oposição interna a Vladimir Putin, foi esta terça-feira sentenciado a três anos e meio de prisão por um tribunal de Moscovo por violações da sua pena suspensa.

O líder da oposição russa estava acusado de violar os termos da sua sentença relativa a um caso de branqueamento de capitais e fraude de 2014 que Navalny e os seus advogados afirmam ser fabricado com fins políticos. Relativamente à decisão desta terça-feira, a sua equipa legal garantiu que irá recorrer e esclareceu que a pena a cumprir é de dois anos e oito meses, devido ao tempo que passou já em prisão domiciliária.

Esta deliberação surge na sequência dos protestos dos últimos fins-de-semana pela libertação do advogado e blogueiro a quem Putin se recusa a referir pelo nome, protestos estes que resultaram na detenção de centenas de russos. Navalny havia sido detido a 17 de janeiro à chegada a Moscovo depois de recuperar em Berlim de um envenenamento.

Apesar das suspeitas e acusações aos Kremlin pela responsabilidade no ato, Putin recusa as alegações e pressões do Ocidente para que Navalny seja libertado, tendo a porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros russa mesmo acusado a Europa e os EUA de estarem “desligados da realidade”.

A sentença de terça-feira deverá agravar as tensões entre russos e o Ocidente, sendo que os primeiros se encontram já sob fortes sanções económicas.

Nas suas declarações na audiência que ditou nova pena de prisão, Navalny acusou Putin de ser um “envenenador de cuecas”, uma referência ao alegado uso do agente nervoso Novichok por agentes do KGB, os serviços secretos russos, que terão colocado o veneno na roupa interior do político.

Os apoiantes do ativista concentraram-se à entrada do tribunal antes da sua audiência, onde foram prontamente reprimidos pelas forças de segurança no local, que detiveram cerca de 70 dos manifestantes, de acordo com a Reuters. Já depois da sentença, exortaram a população a sair à rua e protestar no centro de Moscovo, onde várias unidades de polícia antimotim estavam já destacadas.

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