Uma antiga jornalista da TV estatal russa, que em março interrompeu uma transmissão ao vivo da televisão para denunciar a ação militar na Ucrânia, foi acusada de divulgar informações falsas sobre o exército russo, um crime punível com até 10 anos de prisão.
Marina Ovsyannikova, que nasceu na Ucrânia, ganhou destaque em março, quando invadiu o estúdio de um noticiário noturno ao vivo no principal canal russo, a segurar um cartaz que dizia “Fim à Guerra” em inglês.
Desde então, Marina foi multada várias vezes pela contínua oposição à campanha militar da Rússia na Ucrânia. Além das coimas “um processo criminal foi aberto”, na quarta-feira, explicou o advogado Dmitry Zakhvatov. Ovsyannikova foi acusada de divulgar informações sobre as forças armadas russas consideradas falsas pelo governo e passou a noite em prisão preventiva.
Numa mensagem no Telegram, antes da detenção, Ovsyannikova descreveu que 10 membros da polícia invadiram a sua casa às 6h. “Assustaram a minha filha pequena”, acrescentou.
Nos meses que se seguiram ao protesto na TV, Ovsyannikova passou um tempo no exterior, a trabalhar para o alemão Die Welt por três meses. No início de julho, anunciou que ia regressar à Rússia para resolver uma disputa sobre a custódia dos dois filhos.
As críticas à decisão de Putin de enviar tropas para a Ucrânia foram praticamente proibidas na Rússia, e como tal o protesto de março fez manchetes em todo o mundo.
O presidente francês Emmanuel Macron ofereceu a Ovsyannikova, que trabalhou para a TV estatal russa por 19 anos, asilo ou outras formas de proteção consular.
A par com Marina estão críticos proeminentes de Putin, Ilya Yashin e Vladimir Kara-Murza, que foram colocados em prisão preventiva por denunciar a ofensiva de Moscovo na Ucrânia.
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