Moscovo apoia a ideia de sediar uma reunião entre o presidente turco Recep Erdogan e o seu homólogo sírio, Bashar al-Assad, revelou esta sexta-feira o enviado presidencial da Rússia para a Síria, Alexandr Lavrentyev. “Acreditamos que essa reunião seria genericamente positiva e estamos a trabalhar nesse snetido”, disse, em declarações citadas pelos jornais turcos a uma rede de televisão dos Emirados Árabes Unidos.
“Um contato entre Erdogan e Assad não depende de tempo, mas de vontade”, argumentou, para enfatizar que “há uma vontade mútua, temos sinais nesse sentido do presidente Erdogan”.
O vice-ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Mikhail Bogdanov, também se referiu ao mesmo tema. “Estamos prontos para esta reunião, que seria acertada., mas no entanto ainda não foi dado um passo concreto a nível político. Tudo depende da vontade dos dois lados, não estamos a impor nada a ninguém”.
O porta-voz do Kremlin, Dmitriy Peskov, também se referiu ao assunto na conferência de imprensa diária, afirmando que “há essa possibilidade, embora nada esteja certo”, para concluir que Vladimir Putin apoia as movimentações para que o encontro se efetive.
Erdogan disse esta semana que Ancara veria como um benefício para a região o desenvolvimento de relações entre a Turquia e a Síria – no mesmo quadro em que a Turquia Türkiye desenvolveu laços com o Egipto”.
As movimentações diplomáticas dão-se num quadro em que o líder turco assegurou que o seu país está a preparar uma operação militar terrestre no norte da Síria contra o grupo curdo PKK e a sua ramificação síria, o YPG. Depois deste anúncio, a Rússia -o país que mais suporte fornece ao regime sírio – pediu para que as partes envolvidas fizessem descer a tensão na região. Lavrentyev pediu a Ancara para “exercer com moderação” o uso de força militar na Síria. “Esperamos convencer os nossos parceiros turcos a absterem-se de usar força excessiva em território sírio”, disse
Os jornais turcos afirmam que representantes da Turquia e membros do regime sírio e da oposição conversaram esta semana em Astana, capital do Cazaquistão, na presença de representantes da da Rússia e do Irão, países que se encarregam de gerir o processo de paz estabelecido na Síria. Do encontro saiu o comprometimento de “resistir aos planos separatistas, que visam minar a soberania e a integridade territorial da Síria e ameaçar a segurança nacional dos países vizinhos”.
Mas os envolvidos parecem propositadamente ter misturado duas realidades que nada têm a ver uma com a outra: os grupos curdos por um lado, e o Estado Islâmico e suas metástases, por outro.
Recorde-se que o apoio da Turquia tem sido vital para sustentar a oposição moderada que restou na Síria depois de 10 anos de guerra civil e que se encontra concentrada no noroeste do país, depois de al-Assad a ter feito desaparecer no resto do país, auxiliado pela Rússia e pelo Irão.