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Ryanair avança com “despedimento coletivo em Lisboa”, denuncia sindicato

A Ryanair resolveu “iniciar um novo processo de despedimento coletivo, agora na Base de Lisboa, envolvendo seis tripulantes, que curiosamente recusaram assinar uma adenda que, como o sindicato alertou na altura, é ilegal”, revelou ao Jornal Económico o SNPVAV – Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil.
19 Dezembro 2020, 15h51

A Ryanair “resolveu, de forma incompreensível e sem qualquer critério de gestão, iniciar um novo processo de despedimento coletivo, agora na Base de Lisboa, envolvendo seis tripulantes, que curiosamente recusaram assinar, apesar da pressão da Ryanair, uma adenda que, como o sindicato alertou na altura, é ilegal”, alerta o SNPVAV – Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil ao Jornal Económico. Recorde-se que o SNPVAC tomou conhecimento que a Ryanair retomou, “a 1 de dezembro, o processo do despedimento coletivo dos tripulantes de cabine na base do Porto, que atinge 23 tripulantes”.

Ricardo Penarroias, diretor do SNPVAC com o pelouro da Ryanair, explicou ao JE que “esta situação se enquadra na forma de atuar da Ryanair, que ao mesmo tempo que revela que vai comprar mais 50 aviões Boeing, também avança com a redução de tripulantes apenas para baixar os custos de operação”. Ainda esta semana, o CEO da Ryanair, afirmou durante uma conferência online promovida pelo JE que estava à espera de receber uma nova encomenda de aviões e que se tivesse condições para operar mais slots nos aeroportos portugueses poderia por a voar para Portugal mais 20 ou 30 desses novos aviões.

O SNPVAC considera que “este processo não passa de uma represália aos tripulantes envolvidos, e refuta completamente o argumento que haja um excesso de tripulantes nas bases em Portugal”, e relembra, mais uma vez, que “a companhia, poderia optar por medidas previstas na lei, tal como o fez em abril e maio, e que atenuariam os seus custos, sem ter que recorrer ao despedimento”.

Esta última decisão da Ryanair é entendida como “um desrespeito por parte da Direção do SNPVAC, que se sente enganada, dado que nas últimas semanas, demonstrou total disponibilidade para conversar, dialogar, negociar, mesmo que, para tal, tivesse de ultrapassar determinados estatutos, dado que acreditávamos que as duas instituições estariam verdadeiramente empenhadas em encontrar uma solução séria e credível para não haver despedimentos”.

Este novo despedimento coletivo vem na sequência do anúncio público por parte da Ryanair, do “aumento dos voos para o Porto em dezembro e janeiro, como resultado do aumento da procura neste Natal”, além da divulgação da “aquisição de 75 Boeing 737 Max, o que demonstra a perspetiva de crescimento já no próximo ano, dado que o próprio CEO da Ryanair, Michael O’Leary, esperava receber 50 aviões deste modelo já em 2021”, refere o SNPVAC.

O sindicato adianta que a Ryanair tenciona “recorrer a tripulantes de outras bases em lay off, para colmatar a escassez de trabalhadores nas bases em Portugal, provocada pelo aumento do numero de voos”, enquanto está “a realizar cursos de formação para novos tripulantes”, adiantando que “as últimas previsões apontam para uma retoma efetiva já a partir de 2021, muito influenciado pelo surgimento da vacina que originou um forte aumento na procura e nas reservas”.

Paralelamente, a Direção do SNPVAC questiona como é que “a Ryanair chegou a acordo com outras classes profissionais da empresa, pois se os tripulantes da Ryanair sempre estiveram recetivos e disponíveis para encontrar soluções justas e equitativas nomeadamente, baixar vencimentos, recorrer a part-time e até licenças sem vencimentos”. “De que mais deveriam os tripulantes de cabine abdicar? Dos seus direitos consagrados na lei portuguesa?” questiona ainda o sindicato.

A companhia irlandesa de baixos custos “continua a brindar-nos com as suas afirmações de desrespeito ao país e as suas leis. As recentes declarações do seu presidente sobre uma instituição como a ACT e os seus inspetores são a demonstração cabal da prepotência e arrogância com que esta empresa encara o nosso País e tudo com a aceitação e conivência tanto de certas autarquias, grupos económicos e do próprio Estado”, refere o SNPVAC.

O SNPVAC aguarda a marcação da audiência solicitada ao ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos, a fim de “denunciar aquilo que considera um autêntico ataque a uma classe, bem como, denunciar, uma vez mais, a total conivência das instituições regionais e nacionais deste país, que permitem que uma empresa que atropela constantemente a lei, seja premiada com incentivos e subsídios, prejudicando assim as companhias nacionais que cumprem com a lei”.

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