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Ryanair quer liderar o mercado português

Voltar aos lucros, ter uma base técnica no Porto e sete aviões em Lisboa é a orientação estratégica que a Ryanair quer seguir para continuar a praticar as tarifas mais baixas disponibilizadas aos passageiros portugueses, defende o presidente da companhia low cost irlandesa.
25 Maio 2022, 11h01

“Queremos ter sete aviões em Lisboa e uma base de manutenção no Porto e para treino das tripulações, sabendo que vamos transportar mais de 13 milhões de passageiros de e para Portugal em 2022, pelo que vamos ultrapassar a TAP”, afirmou o presidente executivo da Ryanair, Michael O’Leary, na conferência de imprensa que se realizou esta manhã de quarta-feira, 25 de maio, em Lisboa.

“Enquanto a TAP reduz a frota e a easyJet cancela voos, a Ryanair continua a crescer, tem intenção de abrir mais uma base técnica na península Ibérica – esperamos que essa nova base seja no Porto – e queremos voltar aos lucros no início do próximo ano”, referiu o gestor.

Michael O’Leary recordou que “a TAP tem de libertar os 18 slots em outubro de 2022, sabendo que a Ryanair está a crescer a um ritmo acelerado com os seus 73 novos Boeing 737 Gamecharger, que consomem menos 16% de combustíveis, provocam menos 40% de ruído e transportam mais 4% de passageiros, o que permitiu aumentar a sua atividade para 115% dos níveis concretizados antes da pandemia de covid, o que não acontece nem com a TAP nem com a easyJet”, sublinha. No entanto, não detalhou os dados técnicos dos referidos slots.

“Sem ser a Ryanair, as restantes companhias aéreas parece que não conseguem crescer em Lisboa”, adianta Michael O’Leary, razão pela qual insiste junto do Governo português na importância de atribuir os 18 slots da TAP à Ryanair, pois “sabemos que estamos a investir de forma estável e consolidada no crescimento do turismo em Portugal, garantindo um nível de atividade muito elevado até durante o Inverno, o que não acontece com a generalidade dos nossos concorrentes”.

Essa é a razão pela qual o presidente ad Ryanair considera fundamental “começar rapidamente as obras no aeroporto do Montijo e para abrir depressa esta infraestrutura” de forma a assegurar a possibilidade de manter o crescimento do tráfego na zona de Lisboa.

No mesmo sentido, O’Leary considera que “está completamente fora de questão que a Ryanair seja confrontada com greves durante o próximo verão, porque todas as reuniões com os sindicatos têm corrido bem e estamos a evoluir no sentido de ficaram ultrapassadas as questões laborais que os sindicatos reivindicam”, diz.

O Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC) tinha referido ao Jornal Económico – antes de ser iniciada a conferencia de imprensa de Michael O’Leary –, a lista das questões pendentes que tinham sido abordadas numa recente reunião com sete organizações sindicais ocorrida em Bruxelas, manifestando apreensão em relação aos direitos laborais que a Ryanair não garantia aos tripulantes de cabina, sublinhando que tinha de “acabar a gestão por medo” na companhia irlandesa. O SNPVAC recorda que a Ryanair “insistiu que a legislação europeia e nacional pode ser negociada”, quando os sindicatos defendem que “os direitos básicos de um trabalhador não serão sujeitos a negociação”. Um dos problemas identificado pelo sindicato refere-se à “situação gritante dos tripulantes trabalharem sem acesso a água a bordo”, além de que não têm proteção adequada “em matéria de saúde e segurança no local de trabalho”, queixando-se de “falta de transparência nos sistemas de transferências e nas promoções de carreira, sendo estas frequentemente utilizadas como forma de intimidação aos trabalhadores”. Mas em Lisboa, Michael O’Leary garantiu que as negociações com os sindicatos estavam a progredir bem e que não previa que a Ryanair fosse confrontada com greves no próximo verão.

Para Michael O’Leary é muito importante assegurar a consolidação do crescimento que a Ryanair diz que está a ter, desenvolvendo novas rotas – já opera atualmente mais 19 rotas no mercado pare e de Portugal –, e “derrotou o duopólio de tarifas elevadas da TAP e da EasyJet praticado para o mercado da Madeira, onde bateu um novo recorde de passageiros transportados, fruto da nova base da Ryanair aberta na Madeira”.

“A Ryanair voltará a ter sete aeronaves em Lisboa em outubro”, antecipa O’Leary, além de que “vamos contratar mais 50 profissionais de IT portugueses, numa fase em que estamoa a ponderar a possibilidade de abrir uma base técnica no Porto, para manutenção e treino de tripulações, o que está em linha com o nosso desempenho, que confirma o transporte de mais de 13 milhões de passageiros de e para Portugal”, comenta o presidente executivo da companhia irlandesa. “Continuamos a praticar as tarifas mais competitivas para o mercado português”, refere O’Leary e a perspetiva de aumentar o número de slots da Ryanair no próximo Inverno “ainda aumentará a capacidade de continuar a baixar as tarifas”.

Refira-se que a Ryanair apresentou perdas de 355 milhões de euros no último ano, enquanto o seu volume de negócios quase triplicou em 2021 (para 1640 milhões de euros), praticando preços médios 27% mais baixos. Na sua operação global, a Ryanair transportou 97,1 milhões de passageiros (contra 27,5 milhões de passageiros em 2020), reduzindo o prejuízo em 460 milhões de euros, pois no exercício anterior tinha apresentado perdas de 815 milhões de euros.

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