Para atrair de volta os capitais que estavam deixando o país, o Banco Central argentino aumentou as taxas de juros de referência de 33.25% para 40%. Apesar de o dólar ter recuado, em um primeiro momento, na segunda-feira, voltou a subir levemente. “Essa medida pode atrair investidores, que decidem renovar a aplicação por um mês, ou dois, mas a turbulência da semana passada pode voltar”, ressaltou Cibils. Para o economista, o erro do governo foi estimar que a causa da inflação é monetária, quando, na verdade, boa parte desta deve-se ao aumento das tarifas públicas e dos combustíveis, que haviam sido controlados e subsidiados durante os 12 anos dos governos de Nestor Kirchner (2003-2007) e Cristina Kirchner (2007-2015).
Tanto os economistas que questionam as políticas neoliberais do atual governo, quanto os mais ortodoxos, afirmam que Macri enfrenta uma situação complicada – especialmente tendo em vista que não tem maioria parlamentar, que perdeu apoio no Congresso e que espera disputar a ganhar a reeleição. Segundo Fausto Spotorno, economista-chefe da consultora Orlando Ferreres e Associados, o principal problema é o alto défice fiscal. “Os gastos do governo federal equivalem a 6% do Produto Interno Bruto (PIB, soma de todos os bens e serviços produzidos no país), quando deveriam estar em 3%.”
O Ministério da Economia reconhece que precisa cortar despesas, mas considera politicamente inviável fazer um ajuste enorme de uma só vez, optando por uma política gradualista.
“O problema da Argentina é que nosso mercado financeiro e muito pequeno, e nossa economia depende muito de recursos externos”, acrescentou Spotorno. “Para financiar o défice fiscal, o governo tem que emitir moeda e, com isso, gera inflação. Outra opção é aumentar juros para atrair capitais. Ou seja, o dilema sempre será buscar um equilíbrio porque não temos como imprimir dólares aqui”, explicou. De acordo com o economista, a alta do dólar não é tão preocupante porque o câmbio estava atrasado.
Spotorno e Cibils concordam que as pressões sobre o dólar e o governo serão grandes. O desafio de Macri era baixar a inflação e os gastos públicos e, ao mesmo tempo, manter os planos de investimento em infraestrutura, o carro-chefe de sua campanha para a reeleição. Isto num momento em que a confiança nos mercados emergentes é menor.
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