Em apenas um ano, a startup que nasceu da ideia de Filipe Simões e Rui Pina, já exporta 65% da produção para fora de Portugal e as suas caneleiras já são utilizadas pela maioria dos jogadores da seleção nacional e por jogadores de grandes clubes do futebol nacional e internacional: Benfica, Porto, Real Madrid, Atlético, Juventus, Chelsea, Manchester United, Manchester City, Bayern Munique, entre outros.
O negócio que nasceu em Viseu já abriu também escritório em Lisboa e em menos de um ano a equipa passou de oito para 18 pessoas.
Filipe Simões, CEO do SAK Project, explica como tudo começou: “A ideia de desenvolver caneleiras mais competentes surgiu do nosso contacto com jogadores de futebol, através do qual tivemos conhecimento das suas reclamações: as caneleiras são desconfortáveis e ineficazes. Esta informação vinha mais tarde a ser confirmada por um estudo realizado por investigadores americanos que submeteram a testes as caneleiras das grandes marcas. Estes investigadores foram contundentes nas conclusões: as caneleiras tradicionais são perigosas. Não protegem convenientemente e promovem uma falsa sensação de segurança. Fundamentalmente, duas razões foram identificadas: uso de materiais de fraca qualidade e um desajuste entre a forma das caneleiras e as pernas dos atletas, o que potencia a focalização da energia de um impacto. Ironicamente, as pernas de atletas de referência mundial, que são até o maior ativo dos seus clubes, encontravam-se desprotegias pelo uso de caneleiras tradicionais, sendo a ironia ainda maior se levarmos em conta que este é o único equipamento de proteção usado no futebol”.
Assim, Filipe e Rui que eram professores na altura e decidiram combinar os seus conhecimentos em materiais com os seus conhecimentos em tecnologia para desenvolver um novo conceito de proteção para futebol: caneleiras feitas à medida em materiais de última geração. “Como tínhamos trabalhos a tempo inteiro, desenvolvíamos o conceito à noite e durante os fins de semana, na garagem do Rui. Assim surgiu a SAK Project – “Safety Against Kicking”, traduzido literalmente para Português significa: Segurança Contra Pontapés”.
Os empreendedores decidiram então agir em duas frentes: por um lado, usar materiais de última geração que encontram aplicação na indústria militar (um arranjo especial de polímeros muito resistente a impactos, leve e flexível) e por outro, produzir caneleiras perfeitamente ajustadas às pernas, resultado de um rigoroso scan 3D. Este processo recorre a sensores e algoritmos para construir um modelo tridimensional detalhado das pernas dos jogadores.
Para além da personalização da forma das caneleiras, a SAK personaliza também os gráficos das caneleiras, tornando este produto verdadeiramente único e o espelho do corpo e da personalidade do jogador.
“As caneleiras SAK são o resultado de cinco anos de investigação e desenvolvimento, testes de campo e feedback de reputados médicos de clubes de referência e de alguns dos jogadores de futebol mais famosos do mundo”, refere.
Filipe explica ainda que a empresa começou por ser uma sociedade dos fundadores, forma que manteve até 2012. Nessa altura, já conscientes do potencial do projeto e ambicionando desenvolver uma empresa à escala global que desse resposta às necessidades de proteção dos 265 milhões de pessoas praticantes de futebol em todo o mundo, “fomos à procura de investidores para podermos desenvolver o conceito. No final de 2012, a empresa tornou-se numa sociedade anónima ao receber investimento de duas estruturas de investimento de referência: Armilar Venture Partners (na altura, Espírito Santo Ventures) e Busy Angels”, salienta.
O emrpeendedor adianta também que como o mundo do futebol é um mundo de transferências, as caneleiras acabaram por ser conhecidas através do passa a palavra entre jogadores. Aos poucos, os jogadores que já tinham adquirido as caneleiras acabaram por se tornar também parte da equipa da SAK, ao promoverem a marca entre os seus pares.
“Atualmente, além de equipar muitos dos seus atletas, desenvolvemos uma parceria mais completa com alguns clubes. No caso do Futebol Clube do Porto, por exemplo, equipamos o plantel principal e as camadas jovens e temos um acordo de licenciamento, sendo as caneleiras oficiais do clube produzidas pela SAK. Temos também acordo de licenciamento com o Sport Lisboa e Benfica e continuamos a trabalhar para estabelecer relações com mais clubes nacionais e internacionais”, revela Filipe Simões.
Dos jogadores para o retalho e para o mundo
Além dos jogadores, a SAK saltou também para as lojas de desporto, onde neste momento está presente nos centros comerciais Colombo e Norte Shopping –, onde têm os scanners 3D que permitem criar o modelo das pernas do utilizador.
Lançáram igualmente pilotos adicionais fora do país, muitas vezes a pedido de lojas e distribuidores, tendo em pouco tempo expandido para 16 países (2016-2017).
“Atualmente, este negócio internacional traduz-se em 65% da faturação, e virá seguramente a representar uma fatia maior nos próximos anos (Itália, Reino Unido e Espanha são, neste momento, os países mais relevantes) – temos mais de 100 pontos de venda na Europa, sendo Itália o maior ao nível do número de lojas”, admite.
A SAK dispõe também de um site de e-commerce (www.sakproject.com) onde é possível encomendar produtos não personalizados, mas também caneleiras personalizadas em gráficos e forma.
“O primeiro investimento na SAK aconteceu em 2013 com um valor de 300 mil euros, tendo a empresa levantado até ao momento um total de 2 milhões de euros. Contamos fazer uma nova ronda de levantamento de capital em breve para suportar um ambicioso plano de expansão internacional”, salienta o jovem empreendedor, que diz que espera atingir níveis de faturação anuais superiores a um milhão de euros a curto prazo.