Ainda que os salários dos portugueses tenham subido em termos absolutos no último ano, a inflação absorveu esses aumentos, ditando a perda de poder de compra dos trabalhadores. Assim, de acordo com os dados divulgados esta quinta-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), em termos reais, o ordenado bruto médio caiu 4% em 2022.
Vamos por partes. Em termos absolutos, a remuneração bruta mensal média por trabalhador subiu 3,6% face a 2021, atingindo 1.411 euros. A componente regular (que exclui subsídios de Natal e férias) aumentou 3,1% para 1.140 euros enquanto a componente base cresceu 3% para 1.070 euros.
Essas subidas não foram, contudo, suficientes para acompanhar a inflação. Num ano em que os preços atingiram máximos de várias décadas, os salários reais caíram cerca de 4%: a remuneração bruta total encolheu 4%, a componente regular 4,4% e a componente base 4,5%, indica o gabinete de estatísticas.

Face ao impacto da inflação nos rendimentos dos portugueses, o Governo ainda lançou em 2022 alguns apoios, que foram dirigidos, sobretudos, aos agregados mais vulneráveis. O Executivo de António Costa assumiu, porém, que as medidas nunca seriam suficientes para compensar o peso da escalada dos preços e os dados do INE agora conhecidos mostram que os portugueses perderam mesmo poder de compra no último ano.
Salários terminam o ano a perder mais de 5%
A nota divulgada esta manhã pelo gabinete de estatísticas mostra também como evoluíram os salários especificamente no último trimestre de 2022. Neste caso, em termos absolutos verificou-se uma subida de 4,2% da remuneração bruta total média para 1.575 euros, com a componente regular a subir 4,3% para 1.150 euros e a componente base a crescer 4,4% para 1.080 euros.
Foi no sector do alojamento, restauração e similares que se registou o maior aumento do salário médio, em termos absolutos (8%), detalha o INE.
Ainda assim, em termos reais, os salários continuaram a emagrecer. Depois de terem caído 4,7% entre julho e setembro, encolheram 5,2% entre outubro e dezembro.
Todos estes números, é importante notar, abrangem 4,5 milhões de postos de trabalho, correspondentes a beneficiários da Segurança Social e a subscritores da Caixa Geral de Aposentações.
Atualizada às 11h31