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“Sangue nas mãos”: médicos condenam a reversão do direito ao aborto nos EUA

Numa declaração assinada por mais de 100 organizações globais de saúde especialistas disseram que a decisão do Tribunal Supremo dos EUA foi “um golpe catastrófico” para milhões.
24 Junho 2022, 18h10

Médicos e ativistas condenaram a reversão de Roe vs Wade, descrevendo-o como um “ataque inescrupuloso” que deixará os juízes do Tribunal com “sangue nas mãos” e causará um efeito global assustador nos direitos das mulheres.

Numa declaração, citada pelo “The Guardian”, assinada por mais de 100 organizações globais de saúde, incluindo o Royal College of Obstetricians and Gynecologists (RCOG) do Reino Unido, especialistas disseram que a decisão do Tribunal Supremo dos EUA foi “um golpe catastrófico” para milhões.

Edward Morris, presidente do RCOG, considerou que “esta decisão é um ataque inconcebível à saúde e aos direitos das mulheres e meninas nos Estados Unido”. “É chocante pensar que o futuro de tantas mulheres e meninas foi ditado por política em vez de opinião com base em evidências”, destacou.

Por sua vez, Ranee Thakar, que também pertence ao RCOG, pediu aos governos que apoiem os profissionais de saúde para fornecer às mulheres abortos seguros, em vez de impor maiores restrições legais.

“O efeito assustador da decisão será, sem dúvida, sentido em todo o mundo”, disse Thakar. “Pedimos aos governos que criem e protejam ambientes legais e regulatórios que apoiem os profissionais de saúde para fornecer acesso a cuidados de aborto seguros e acessíveis”, apelou.

Desde que ficou claro em maio que o Tribunal Supremos se estava a preparar para reverter a legislação de 1973 que efetivamente legalizava o aborto, ativistas e médicos pró-escolha alertam que o efeito que será sentido internacionalmente – particularmente em países onde os direitos ao aborto são frágeis.

Agora, cresce a preocupação de que a decisão possa encorajar o movimento anti escolha, aumentar a pressão sobre os profissionais de saúde que realizam abortos e ameaçar ganhos duramente conquistados em países onde o estigma em torno das terminações ainda é galopante.

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