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Sarampo: as origens, a erradicação e o regresso da epidemia

Nos quatro meses de 2017 já foram reportados mais de 500 casos de sarampo, em pelo menos sete países da Europa, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Veja aqui as origens e a história do combate a este doença altamente infecciosa.
19 Abril 2017, 07h45

Portugal está a enfrentar uma epidemia de sarampo, doença que tinha sido declarada erradicada no país. A Direção Geral de Saúde (DGS) já advertiu para a necessidade dos pais vacinarem os seus filhos “sem hesitação”, uma vez que as vacinas estão disponíveis.

Geralmente, os sintomas desta doença altamente contagiosa começam por uma febre alta, seguindo-se a tosse, corrimento nasal, olhos inflamados e, ao fim de dois ou três dias, começam a surgir manchas avermelhadas por todo o corpo. Em média, o sarampo dura entre sete a dez dias.

Qual é a origem do sarampo?

Século IX. O filósofo e médico Ar-Razi publicou um dos primeiros livros sobre a doença, intitulado de “O Livro da Varíola e do Sarampo” (no Árabe: “Wa-al-hasbah do al-jadari de kitab fi”). Nesse tempo, o sarampo era “mais temido do que a varíola”.

1757. Um médico escocês, Francis Home, concluiu que esta doença é ativada através de um agente infeccioso (vírus) presente no sangue do ser humano.

1912. O sarampo tornou-se uma doença de notificação nacional nos EUA, sendo obrigatório informar todos os casos diagnosticados. Na primeira década, eram registadas uma média de seis mil mortes por ano relacionadas com a doença.

1954. O bacteriologista, John Franklin Enders, e o físico, Thomas Chalmers Peebles, colheram amostras de sangue de vários estudantes doentes, durante uma epidemia em Boston, Massachusetts. O objetivo passava por isolar o vírus do sarampo no sangue de um aluno, David Edmonston, de 13 anos, para que pudesse ser criada uma vacina. O processo foi bem sucedido.

1963. O ano do surgimento da vacina contra o sarampo. John Enders, juntamente com os seus colegas, concluiu a vacina nos EUA, mas, em 1968, Maurice Hilleman desenvolveu uma vacina melhorada e mais fraca que começou a ser distribuída no país. A vacina, de nome Edmonston-Enders, tem sido a única vacina contra esta doença utilizada nos EUA desde esse ano.

1978. Os Centros de Controlo e Prevenção da Doença (CDC) estabeleceram uma meta para eliminar o sarampo dos EUA até 1982. Embora essa meta não tenha sido atingida, a massificação das vacinas permitiu uma redução drástica de 80%, em 1981, face ao ano anterior.

1985 – 1988. Entre estes três anos, os investigadores depararam-se com diversos casos de sarampo ocorridos em crianças que já haviam sido vacinadas contra o mesmo.

1989. As epidemias de sarampo entre crianças vacinadas levaram o Comité Consultivo sobre Práticas de Imunização (ACIP), a Academia Americana de Pediatria (AAP) e a Academia Americana de Médicos de Família (AAFP) a aconselhar uma segunda dose da vacina para todas as crianças, com idades entre os 5 e os 19 anos. A segunda dose aumentou substancialmente a proteção nas crianças que não tinham ficado imunes à doença com a primeira vacina.

1989 – 1991. Ao longo destes anos, os casos de sarampo voltaram a aumentar, tendo sido registados cerca de 55.622 casos. A maioria desses casos tratavam-se de crianças com cinco anos de idade, grande parte da população latino-americana e afro-americana.

2000. A doença foi declarada eliminada nos EUA, devido a um programa de vacinação altamente eficaz e ao melhor controlo do sarampo nas regiões americanas.

Atualmente, cerca de 85% das crianças, a nível mundial, são vacinadas, o que diminuiu em 75% o número de mortes por sarampo entre os anos 2000 e 2013.

Mas, de acordo com o INSA, “o sarampo continuou a disseminar-se e em 2013 foram declarados 10.271 casos de sarampo em 30 Estados-Membros UE/EFA (União Europeia/Aliança Livre Europeia), 91% dos quais ocorreram na Alemanha, Itália, Holanda, Roménia e Reino Unido”.

Contudo, áreas mais afetadas são as regiões em desenvolvimento de África e Ásia, que completam a maior parte dos cerca de 20 milhões de indivíduos diagnosticados. Há quatro anos, perto de 96 mil pessoas morreram, e apesar do número extremamente elevado de mortes registadas, houve uma redução de 449 mil casos face a 1990.

2014. A Comissão Europeia Regional de Verificação para a Eliminação do Sarampo e Rubéola concluiu que a transmissão endémica do sarampo (e rubéola) foi interrompida, em Portugal, desde 2012.

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