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Science4you: A marca que encontrou o equilíbrio entre a educação e a diversão

Miguel Pina Martins é o ‘CEO’ da startup Science4you. Formado em Finanças e mestre em Gestão, trabalhou quatro meses na banca de investimento antes de se dedicar a tempo inteiro à empresa de brinquedos científicos e didáticos.
21 Dezembro 2016, 17h07

Sediada em Loures, espaço inaugurado, o ano passado, pelo ex-Presidente da República, Cavaco Silva, a Science4you é uma marca nacional nascida há seis anos, que desenvolve, produz e comercializa brinquedos científicos. Atualmente, assegura emprego a 400 colaboradores na fábrica, 70 no escritório e 150 em Madrid.

Em entrevista à StartUp Magazine, o CEO Miguel Pina Martins, conta como nasceu e qual foi o caminho percorrido pela Science4you, a marca que se tornou líder de mercado na área dos brinquedos educativos e científicos.

Como surgiu a Science4you?

Miguel Pina Martins (MPM): A Science4you foi o meu projeto final de curso. O ISCTE tinha uma parceria com a Faculdade de Ciências de Lisboa, em que a Faculdade dava ideias e o ISCTE montava os planos de negócio. Eu e o meu grupo, composto por mais sete pessoas, rifamos, na altura, os “kits de física”, mas consegui dar a volta ao tema e transformá-lo, então, em brinquedos científicos. O projeto correu bem, o grupo teve uma boa nota e a partir daí cada um seguiu o seu caminho profissional.

Após quatro meses a trabalhar na banca de investimento, percebi que não era aquilo que queria fazer o resto da minha vida e foi então que decidi agarrar no projeto. Tentei levantar capital à Portugal Ventures que, por sua vez, acharam o projeto interessante e decidiram investir, na altura, 50 mil euros (e eu investi 1 125 euros). Queria dar o nome Science4all à empresa, mas uma vez que o meu pedido foi rejeitado por já existir uma empresa com esse nome, segui para a segunda opção, a Science4you.

Qual é o procedimento desde a produção ao embalamento dos produtos?

MPM: A fábrica tem 8 mil metros quadrados no total e está dividida em quatro fases. A primeira é a fase de armazenagem e a segunda é a fase de produção intermédia, onde são feitas as primeiras produções, a nível de produto. A terceira fase é denominada de produção final, que é quando os produtos são embalados nas caixas e por fim, a quarta fase que é, naturalmente, a expedição. A fábrica está dividida em “U”, o que significa que tudo entra por um lado e sai pelo outro.

Para que idades são direcionados os brinquedos?

MPM: O primeiro e o segundo ciclo, até ao sexto ano, são o público-alvo. Depois, obviamente, também vamos apanhando crianças de três, quatro e cinco anos, bem como algumas crianças de 13 e 14 anos.

Como se estão a preparar para a época natalícia?

MPM: Com muita gente, muito trabalho e muitas encomendas. Estamos a produzir cerca de 20 mil brinquedos por dia, o que, neste momento, é o nosso máximo (e assim vai ser até ao Natal).

No primeiro ano de existência da marca, qual foi o nível de faturação atingido?

MPM: No primeiro ano a faturação chegou aos 50 mil euros, o que para nós foi muito bom. Já este ano, ficará claramente acima dos 17 milhões de euros. Só este trimestre representa 60% da faturação anual. Claro que para nós isto é um motivo de grande satisfação, pois superámos as expetativas ao passarmos de 11,2 milhões para mais de 17 milhões.

Somos uma empresa com ambição e o objetivo é continuar sempre a crescer. As pessoas têm vindo a consumir, cada vez mais, os nossos produtos. Penso que conseguimos o equilíbrio certo entre educação e diversão. Acabamos por agradar a pequenos e graúdos, em que pais, tios e outros familiares ficam contentes por oferecer um produto educativo, e as crianças ficam contentes porque se divertem. A juntar o útil ao agradável, acreditamos que conseguimos um mercado muito interessante.

Em quantos espaços está, atualmente, representada a Science4you?

MPM: Estamos com cerca de 60 espaços nossos, mas alguns deles são temporários – em janeiro devemos reduzir para cerca de metade. No estrangeiro, temos 20 espaços em Madrid. Além dos espaços próprios estamos, ainda, presentes em 20 mil pontos de venda.

E como têm sido as vendas no exterior? Superam, igualam ou são inferiores ao número de vendas em Portugal?

MPM: Este ano as vendas no exterior são ligeiramente superiores às vendas dentro do país, o que para nós é um motivo de orgulho, uma vez que significa que o nosso produto tem potencial para o mercado internacional. Espanha, Reino Unido, Polónia, França e Benelux (Bélgica, Países Baixos e Luxemburgo) são os países maiores onde o nosso produto é vendido.

Fora da União Europeia, o país onde se tem vendido mais brinquedos da Science4you é na China. De momento, já vendemos para 35 países e faltam-nos outros três grandes: o México (que esperamos ser uma questão de oportunidade, já que temos tudo escrito em espanhol), a Coreia do Sul e o Japão que, por sua vez, já são países de acesso mais complicado, devido à língua e à cultura completamente diferentes.

A Science4you participou na Web Summit a convite do Governo. O que é que a cimeira trouxe de novo ou de importante para a marca?

MPM: Na minha opinião, em primeiro lugar a cimeira foi bastante importante para Portugal e penso que vai continuar a ser, nomeadamente para o turismo. Neste caso, um turismo um pouco diferente, mais tecnológico, que traz mais investidores, e que pode trazer mais do que apenas uma estadia aqui. Em segundo lugar, a Science4you, enquanto startup, procura sempre investidores, e a Web Summit deu-nos a oportunidade de entrarmos em contacto com alguns. Neste momento, estamos com um bom input inicial e vamos continuar as conversas com os possíveis investidores.

Quais são as perspetivas futuras da marca?

MPM: Gostavamos de voltar a participar na Web Summit. O ideal seria via concurso, como este ano, onde fomos convidados pelo Governo, devido à nossa participação num programa onde representamos Portugal. Mas nesta fase em que nos encontramos, a perspetiva e foco principal é encontrar investidor.

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