O ministro das Finanças grego, Yanis Varoufakis, advertiu hoje que poderá acontecer “o pior” se a Europa tentar “abater governos progressistas” como o de Atenas.
“O que digo aos meus homólogos é que se pensam que têm interesse em abater governos progressistas como o nosso (…) esperem o pior”, advertiu o ministro numa entrevista publicada hoje na edição do jornal francês Charlie Hebdo.
“Se os governos pró-europeus e democráticos como aquele a que pertenço forem asfixiados e se as pessoas que os elegeram forem levadas ao desespero, os únicos que vão beneficiar dessa situação são os fanáticos, os racistas, os nacionalistas e todos os que vivem do medo e do ódio”, afirmou Varoufakis, ministro das Finanças do Governo grego que saiu das eleições de 25 de janeiro, ganhas pelo Syriza, uma formação considerada de esquerda radical.
O ministro refere que “a devedores irresponsáveis correspondem credores irresponsáveis” e que no início da década de 2000 os bancos propuseram aos gregos “empréstimos predatórios”.
Varoufakis comparou os cortes orçamentais exigidos pela Europa às práticas médicas da Idade Média: “Prescreviam sangrias que muitas vezes provocavam uma deterioração do estado de saúde do doente” à qual respondiam com “outra sangria” e congratulou-se por ter acabado “com a ‘troika’ (Comissão Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional), pelo menos sob a forma de equipa de tecnocratas que estava em Atenas como unidade de elite colonial”.
Questionado sobre a riqueza da Igreja Ortodoxa e dos armadores, Varoufakis respondeu que a riqueza da igreja “não lhe garante rendimentos muito elevados que possam ser taxados”.
Quanto aos armadores, “é provável que os rendimentos saiam do país para não serem tributados”.
OJE/Lusa