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Secretária de Estado do Ambiente: “A procura da água vai exceder até 40% a oferta até 2030”

Inês dos Santos Costa defende a concretização de um plano estratégico de abastecimento de água, saneamento e águas residuais e pluviais para 2030, procurando evitar a escassez da água em Portugal. Por isso, apela ao reencontro de “modelos de gestão que se tornem a alinhar com os ciclos naturais da água”.
  • Secretária de Estado do Ambiente, Inês dos Santos Costa, na conferência ACQUALIVE: “Ambiente, Sustentabilidade e Cidades Inteligentes”, na Portugal Smart Cities Summit 2020
24 Setembro 2020, 11h37

A secretária de Estado do Ambiente, Inês dos Santos Costa, defendeu esta quinta-feira a necessidade de “reencontrar modelos de gestão” no setor da água alinhados com os ciclos naturais desse recurso, para que não se concretize a perspetiva de que a procura de água exceda em 40% a oferta desse bem essencial à vida já em 2030.

“A procura da água vai exceder até 40% a oferta até 2030, se o business as usual continuar. “Não estamos a falar só de consumo doméstico, estamos a falar de tudo. Isso significa também, muito provavelmente, poluição. Isto, porque a inovação tecnológica e a adaptação das infraestruturas nunca será suficientemente rápida para aquilo que se exige em termos de desenvolvimento económico”, alertou a governante no discurso de abertura do último dia da Portugal Smart Cities Summit 2020, cimeira organizada pela Fundação AIP, na qual o Jornal Económico é media partner.

Por isso, Inês dos Santos Costa defende a concretização de um plano estratégico de abastecimento de água, saneamento e águas residuais e pluviais nos próximos dez anos, designadamente o PENSAARP 2030. Trata-se de um plano governamental que a tutela definiu como uma das “dez missões” para levar a cabo na atual legislatura.

Inês dos Santos Costa apelou, assim, a uma transição na gestão do setor da água, considerando-a tão importante como a prossecução do Roteiro Nacional para a Neutralidade Carbónica ou o Plano de Ação da Economia Circular durante os próximos dez anos. Em causa estão os efeitos das alterações climáticas.

“É preciso reencontrar modelos de gestão que tornem-se a alinhar com os ciclos naturais da água”, afirmou, lembrando que a gestão da água em Portugal sofreu alterações.

Apesar de nos últimos 30 anos terem sido investidos dez mil milhões de euros no setor da água, criando as infraestruturas e as taxas de abastecimento e tratamento de hoje, que asseguram que “99% da água fornecida é limpa e segura”, Portugal passou de uma “gestão que se fundia com o ciclo regenerativo”, para uma gestão que adapta “esse ciclo às nossas necessidades, com todos os impactos que daí advém”.

Para encontrar uma “chave para esta transição”, Inês dos Santos Costa defendeu a existência de “comunidades de prática”. Isto é, que todos os agentes do setor da água, incluindo consumidores colaborem para um novo modelo de gestão deste recurso natural essencial à vida, “coproduzindo conhecimento e ação”.

“Precisamos de uma estratégia que não ignore o sistema e as necessidades desse mesmo sistema”, disse a secretária de Estado do Ambiente.

Uma das resposta a dar – para Inês dos Santos Costa – é “pensar a água” pela lente da economia circular. Isto é, encarar a água, como “um produto e serviço como sistema ambiental que dá, transporta e recebe e com utilidade [energética]”, para que não seja mais um bem alvo de uma economia linear, “que faz, consome e deita fora, esgotando recursos”.

A governante acredita que é necessário introduzir “esta visão holística na sua vertente ambiental, social e económica”, para que Portugal, também no que respeita ao setor da água, deixe de ser “um país a dois tempos e duas velocidades”. “É um desafio complexo, mas creio que é urgente fazê-lo”, defendeu

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