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Secretário de Estado do Ambiente defende “mudança de paradigma” económico

Carlos Martins foi o único governante estrangeiro a participar como orador na sessão de abertura da edição deste ano do Fórum e Exposição Internacional de Cooperação Ambiental de Macau (MIECF), que decorre até sábado no antigo território sob administração portuguesa.
  • REUTERS/Stringer
30 Março 2017, 08h30

O Fórum e Exposição Internacional de Cooperação Ambiental de Macau (MIECF) arrancou esta manhã, naquela que é a décima edição deste evento e que este ano tem como tema o “Desenvolvimento Verde Inovador para um Futuro Sustentável”. Um dos oradores convidados para a cerimónia de abertura foi o secretário de Estado do Ambiente português, Carlos Martins, que na sua intervenção defendeu a construção de um modelo económico ecologicamente sustentável.

“O mais importante é adquirir o conhecimento, valores e competências que permitam alterar o atual paradigma. É importante acautelar os recursos naturais para as gerações futuras. É este o desafio essencial”, disse o secretário de Estado português, que foi o único representante de um governo estrangeiro a discursar na cerimónia de abertura. Além de Carlos Martins, também o presidente da Agência Portuguesa do Ambiente (APA), Nuno Lacasta, está presente nesta conferência que vai decorrer até sábado, 1 de abril.

A experiência portuguesa de aposta nas energias renováveis e na proteção do ambiente foi também referida – e elogiada – na intervenção de Achim Steiner, ex-diretor executivo do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente e atual vice-presidente internacional do Conselho Chinês para a Cooperação Internacional em Meio Ambiente e Desenvolvimento. Na sua intervenção na abertura do MIECF 2017, Achim Steiner defendeu a necessidade de os governos mundiais agirem rapidamente para limitarem as emissões de carbono e assim travarem o fenómeno do aquecimento global.

O antigo responsável das Nações Unidas defendeu ainda que é necessário “repensar o modelo económico” e que a economia verde traz muitas oportunidades. “Temos de encarar as energias renováveis não apenas em termos de proteção ambiental mas também em termos de criação de postos de trabalho”, argumentou Achim Steiner, frisando que a experiência de Portugal e de outros países demonstra que a limitação das emissões de carbono não tem impacto no crescimento do Produto Interno Bruno (PIB).

“A transição para uma economia verde é uma oportunidade”, disse Achim Steiner, apontando Portugal como exemplo a seguir. “A China conseguiu reduzir as emissões de carbono em mais de 30% e o PIB não caiu”, demonstrando assim, em seu entender, que a “capacidade de inovar e ser mais eficiente não deve ser considerada inatingível e não põe em causa o crescimento da economia”.

China é agora mais amiga do ambiente do que os EUA?

O responsável frisou que a China e outros países asiáticos estão a tomar a dianteira na luta contra o aquecimento global, numa alusão velada às recentes decisões do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de voltar atrás em vários compromissos que tinham sido assumidos pelos seus antecessores. “Há neste momento uma mudança do Ocidente para Oriente, na prioritização da sustentabilidade. E vê-se agora que muita da inovação nesta área vem da Ásia”, disse Achim Steiner.

O MIECF será aproveitado pelo Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento de Macau (IPIM) para lançar, com o apoio da União Europeia e do Pan-Delta do Rio das Pérolas, uma iniciativa denominada “Intercâmbio Verde”, uma plataforma que tem como objetivo criar oportunidades para o intercâmbio entre empresas da região e de outros pontos do globo, incluindo Portugal e outros países da Lusofonia. Tal como em edições anteriores, participam no MIECF 2017 várias empresas portuguesas dos setores das infraestruturas, energias renováveis e ambiente.

 

O jornalista viajou a convite da Associação de Jovens Empresários Portugal China (AJEPC) e da organização do MIECF 2017

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